Itamaraty avalia retirar políticos brasileiros de Israel pela Jordânia em meio à escalada de tensão
Diante do agravamento do conflito no Oriente Médio e da intensificação das hostilidades entre Israel e grupos aliados ao Irã, o governo brasileiro está considerando a retirada emergencial de autoridades políticas que estão atualmente em Israel. A operação, segundo fontes diplomáticas, pode ocorrer por meio de uma rota terrestre que atravessa a Jordânia, alternativa considerada mais segura e viável neste momento do que as vias aéreas diretas, que enfrentam cancelamentos e riscos operacionais.
O grupo de brasileiros inclui parlamentares, prefeitos, assessores e outros representantes do setor público que se encontravam em Israel em visitas institucionais, missões comerciais ou viagens diplomáticas. Com a escalada do conflito, boa parte dessas autoridades teve que interromper suas agendas e buscar abrigos seguros em Tel Aviv e Jerusalém, alguns inclusive em instalações subterrâneas ou hotéis com proteção reforçada.
O Itamaraty montou um gabinete de crise desde o início das hostilidades, com o objetivo de monitorar a segurança de cidadãos brasileiros na região. Como os aeroportos de Israel estão operando com limitações severas, e muitos voos comerciais foram suspensos, o plano de evacuação terrestre pela Jordânia tornou-se a principal alternativa. A embaixada brasileira em Amã, capital jordaniana, já foi acionada para preparar a recepção e eventual embarque dos políticos para o Brasil ou para outro destino seguro.
A travessia para a Jordânia, no entanto, exige uma logística complexa. Serão necessárias autorizações de segurança tanto do governo israelense quanto das autoridades fronteiriças jordanianas, além de apoio local para o transporte. A rota terrestre entre Jerusalém e a fronteira com a Jordânia pode ser percorrida em poucas horas em condições normais, mas, em tempos de conflito, exige escolta e medidas reforçadas de proteção.
Há também a preocupação com a exposição de parlamentares e figuras públicas a zonas de risco, o que fez com que o governo brasileiro acelerasse os diálogos diplomáticos. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, que mantém contato direto com os políticos abrigados, tem pressionado por uma solução rápida, pedindo apoio técnico e institucional para que todos os envolvidos possam sair do país em segurança.
Além disso, a operação de retirada está sendo coordenada com outros países da América Latina, que também possuem representantes políticos em Israel no mesmo período. O governo brasileiro vem mantendo diálogo com as autoridades locais e com a ONU, além de monitorar a evolução do conflito para definir o momento mais adequado para a execução da retirada.
Ainda não há uma data definida para a operação, mas o cenário atual indica que o governo está preparado para agir em curto prazo, dependendo apenas de uma janela de segurança e de autorização logística para atravessar a fronteira. Enquanto isso, todos os políticos estão sendo orientados a permanecer em locais seguros e a evitar deslocamentos desnecessários.
A iniciativa do Itamaraty revela não apenas o esforço diplomático em tempos de crise, mas também a importância crescente de se manter planos de evacuação e contingência para autoridades e cidadãos brasileiros em regiões de risco geopolítico.