Governo italiano recebeu pedido para extradição de Zambelli, diz embaixador
O processo de extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que está atualmente na Itália, entrou em uma nova fase com o suposto recebimento formal do pedido de extradição por parte do governo italiano. A informação foi relatada por autoridades ligadas à diplomacia brasileira, indicando que o Itamaraty, por meio do Ministério da Justiça, já teria encaminhado a solicitação às autoridades italianas após autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
Zambelli é alvo de investigação no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, que teria sido articulada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A deputada deixou o Brasil dias antes da deflagração da nova fase da operação da Polícia Federal e, desde então, tem se mantido na Europa, mais precisamente em Milão, com passagens por outras cidades italianas.
Segundo fontes próximas ao governo, o embaixador do Brasil na Itália teria confirmado informalmente que o pedido de extradição já foi recebido por canais diplomáticos, embora os trâmites legais internos da Itália ainda estejam em andamento. O processo de extradição não é imediato: ele depende do cumprimento de etapas jurídicas e burocráticas que envolvem a análise do pedido pelo Ministério da Justiça italiano e, posteriormente, por cortes judiciais do país.
O caso de Zambelli está cercado de tensões políticas e jurídicas. Aliada de primeira hora de Bolsonaro, ela tem feito publicações em suas redes sociais negando irregularidades e afirmando que sua viagem à Europa seria por motivos pessoais e profissionais. No entanto, parlamentares da base governista e juristas argumentam que sua ausência do país configura uma tentativa de fugir da Justiça.
A solicitação de extradição foi solicitada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos sobre o 8 de Janeiro e outras ações golpistas. Moraes autorizou o Ministério da Justiça a realizar o pedido formal, após a deputada ter sido incluída como investigada nas investigações que envolvem a disseminação de notícias falsas, ataques ao sistema eleitoral e tentativa de desestabilização das instituições democráticas.
A Constituição brasileira permite que parlamentares sejam investigados e até punidos judicialmente, desde que respeitado o devido processo legal. No entanto, a extradição de cidadãos brasileiros costuma ser mais complexa quando o acusado está em outro país que não possui acordo direto com o Brasil ou onde há entraves políticos. No caso da Itália, os dois países mantêm tratados de extradição, mas a decisão final pode levar meses.
Se confirmada a extradição, Zambelli poderá ser levada de volta ao Brasil para prestar depoimentos e, eventualmente, responder judicialmente por sua participação nos atos investigados. A expectativa agora gira em torno da resposta do governo italiano, que deve analisar se o caso preenche todos os requisitos legais e diplomáticos para que a extradição seja efetivada.
Nos bastidores, o tema também tem sido tratado com cautela pelo Palácio do Planalto, já que envolve questões de soberania, direitos internacionais e diplomacia sensível entre Brasil e Itália. O governo brasileiro, por sua vez, acompanha de perto o desenrolar do caso, com o objetivo de evitar desgaste institucional ou constrangimentos diplomáticos futuros.
Enquanto isso, Zambelli permanece em solo europeu, ainda sem previsão de retorno ao Brasil e sob pressão crescente tanto da Justiça quanto do ambiente político brasileiro.