General se desculpa por broncas em advogado: ‘Não foram apropriadas’
O general da reserva Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro, pediu desculpas públicas após um episódio constrangedor envolvendo críticas feitas a um advogado durante um debate jurídico. O militar reconheceu que sua postura não foi adequada ao ambiente e ao momento, admitindo que as “broncas” direcionadas ao profissional do direito foram exageradas e, nas suas palavras, “não apropriadas”.
O incidente ocorreu durante uma audiência fechada sobre questões institucionais relacionadas às Forças Armadas, em que Azevedo e Silva foi chamado a dar sua contribuição como ex-integrante do alto escalão militar e ex-ministro. O advogado, que participava como assessor jurídico de uma comissão, questionou alguns pontos sobre a atuação das Forças Armadas no processo eleitoral e durante o governo Bolsonaro. A abordagem provocou reação imediata do general, que elevou o tom e fez críticas diretas à condução do debate pelo advogado, o que gerou desconforto entre os presentes.
Diante da repercussão negativa do episódio, e após pressão de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil e de outros setores políticos, o general decidiu se manifestar por meio de nota oficial. No documento, Azevedo e Silva afirmou que “o ambiente exigia equilíbrio e serenidade”, e que sua reação foi motivada por “um momento de tensão”, mas reconheceu que “não deveria ter se expressado daquela maneira, independentemente das circunstâncias”.
A nota também destacou que o respeito institucional entre civis e militares deve sempre ser preservado e que o diálogo democrático exige escuta e tolerância mútua, mesmo em situações de desacordo. O general acrescentou que mantém profundo respeito pela advocacia e pelo papel dos profissionais do direito na defesa das garantias constitucionais.
A manifestação de desculpas foi bem recebida por entidades ligadas ao meio jurídico. Integrantes do Conselho Federal da OAB afirmaram que o gesto de Azevedo foi importante para restabelecer o tom respeitoso que deve prevalecer nos ambientes institucionais, especialmente em tempos de tensão política e investigações sensíveis sobre o papel das Forças Armadas nos últimos anos.
Azevedo e Silva, que deixou o Ministério da Defesa em 2021, tem mantido uma postura mais discreta desde então, evitando declarações públicas sobre política. Ele foi chamado a prestar esclarecimentos em diversas ocasiões sobre sua atuação no governo e sobre as relações entre os militares e o poder civil durante o mandato de Bolsonaro.
O episódio reacende o debate sobre a presença de militares na política e sobre o papel das Forças Armadas em regimes democráticos. Também mostra que, mesmo fora do governo, figuras de alta patente ainda enfrentam o escrutínio público e precisam se adaptar a um ambiente onde o confronto de ideias exige respeito e civilidade.
A expectativa é que, com o pedido de desculpas feito, o episódio seja considerado superado, mas também sirva como alerta para o cuidado que autoridades devem ter ao lidar com o contraditório em espaços de debate.