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Mesmo com resistência no Congresso, governo aposta em aumento de arrecadação para ajustar contas

Apesar das crescentes tensões com o Congresso Nacional, o governo federal segue apostando em estratégias para elevar a arrecadação como forma de ajustar as contas públicas. Uma Medida Provisória publicada em edição extra do Diário Oficial na noite de quarta-feira (11) formalizou o aumento de várias taxações, que passam a servir como compensação para o recuo em partes do decreto que ampliava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Impasse com a base aliada

A tentativa do Executivo de contornar o desequilíbrio fiscal aprofundou o desgaste com sua própria base no Parlamento. Representantes de partidos como União Brasil e PP, que ocupam pastas importantes no governo, indicaram que não devem apoiar propostas que envolvam aumento de impostos sem contrapartidas em cortes de despesas. As duas siglas, juntas, somam 109 deputados e 14 senadores — uma força decisiva em votações no Congresso.

Antonio Rueda, presidente do União Brasil, criticou a estratégia do governo. “Taxar, taxar e taxar não pode e não será nunca a saída, é preciso cortar despesas”, afirmou, em tom duro. Já o senador Davi Alcolumbre (AP), também do União Brasil e aliado próximo de Lula, mantém posição ambígua diante do tema, o que gera dúvidas sobre seu apoio nesta pauta específica.

Oposição pressiona por cortes e reformas

Do outro lado, a oposição aumentou o tom das críticas, questionando as alternativas apresentadas pelo governo ao aumento do IOF. Os parlamentares exigem iniciativas como cortes no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), reformas no arcabouço fiscal e na administração pública, além do fim dos chamados supersalários e revisão de subsídios. Também apontam para a necessidade de discutir a desvinculação de verbas obrigatórias da saúde e da educação.

No entanto, os oposicionistas reforçam que cabe ao Executivo formalizar propostas concretas que viabilizem tais mudanças.

Clima de insatisfação no Legislativo

Entre parlamentares da base, há quem defenda que a Medida Provisória seja devolvida ao governo, em sinal de rejeição. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), adotou tom crítico ao comentar a MP e indicou pouco interesse em assumir a defesa do texto. “Não estou aqui para atender a projeto político de ninguém”, declarou. Motta já teria sinalizado ao Planalto que o pacote de medidas, no formato atual, enfrentará obstáculos significativos na Casa.

Conclusão

Diante de uma conjuntura fiscal delicada, o governo federal tenta reforçar o caixa por meio da elevação de receitas, mas enfrenta resistência tanto de aliados quanto da oposição. A insistência em taxações sem cortes de gastos agrava o mal-estar entre Executivo e Legislativo, enquanto cresce a cobrança por medidas estruturantes e redução de despesas. Sem diálogo e ajustes, a agenda econômica do Planalto corre o risco de ficar paralisada no Congresso.

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