Politica

Lula aciona Hugo por telefone, mas não impede votação urgente contra o IOF

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrou em contato por telefone com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), nesta quarta-feira (11), em meio ao aumento da tensão entre o Executivo e o Legislativo. A iniciativa de Lula ocorreu após declarações incisivas de Motta contra o conjunto de medidas apresentado pelo governo como alternativa à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Segundo fontes do governo, o objetivo do presidente com a ligação foi compreender o grau de insatisfação dentro da Câmara e tentar reestabelecer o diálogo com a base aliada.

Câmara mantém urgência mesmo após ação de Lula

Apesar da tentativa de aproximação de Lula, Hugo Motta manteve a decisão de colocar em pauta a urgência do projeto de decreto legislativo (PDL) que visa barrar os efeitos do aumento do IOF. No entorno do presidente, avalia-se que a resistência ao pacote do governo é estimulada por figuras influentes como o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI).

Ainda nesta quarta-feira, partidos da base aliada, como PP e União Brasil, intensificaram as críticas às medidas propostas e já articulam uma posição unificada contra o texto do Executivo, sobretudo por envolver aumento de tributos.

Haddad tenta costurar apoio, mas enfrenta resistência

Após uma reunião de cerca de cinco horas entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e líderes do Congresso, Hugo Motta declarou que não existe qualquer compromisso em votar as propostas do governo. O deputado afirmou que sua função não é “atender a projetos políticos” e alertou que o pacote enfrenta forte resistência entre os parlamentares.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, tem reconhecido nos bastidores que a insatisfação da Câmara reflete também a pressão do setor privado, que reagiu negativamente às propostas fiscais do governo.

Liberação de emendas é aposta para aliviar crise

Para tentar conter o desgaste político e reverter votos, o Palácio do Planalto trabalha para agilizar a liberação de emendas parlamentares. Durante uma conversa com Gleisi, Hugo Motta expressou descontentamento com a demora no repasse desses recursos. A ministra prometeu que os pagamentos serão efetivados até o fim da semana, como forma de aliviar a tensão no Congresso.


Conclusão

Mesmo com a intervenção direta de Lula e articulações do núcleo político do governo, a base aliada segue dividida e resistente ao pacote de medidas fiscais. A manutenção da votação da urgência na Câmara mostra que o clima entre Executivo e Legislativo ainda é de cautela e desconfiança. A aposta agora recai sobre a liberação de emendas como tentativa de reconstruir pontes e evitar um revés político maior para o Planalto.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *