FecomercioSP: 21,7% das famílias da capital paulista estiveram inadimplentes em maio
O número de famílias inadimplentes na capital paulista subiu pelo terceiro mês consecutivo e chegou a 21,7% em maio, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da FecomercioSP. O cenário reforça uma tendência de escalada no desequilíbrio financeiro das famílias, pressionadas por renda estagnada, inflação persistente e crédito caro.
Crescimento contínuo preocupa
Desde fevereiro, a taxa de inadimplência avançou de 19% para os atuais 21,7%, o que representa cerca de 112,5 mil novos lares com contas em atraso. Ao mesmo tempo, o endividamento geral também cresceu, passando de 67,7% para 71,2% dos domicílios – o equivalente a aproximadamente 2,91 milhões de famílias.
Fatores que dificultam o alívio
A FecomercioSP destaca três fatores que devem manter a inadimplência em níveis elevados nos próximos meses: a ausência de crescimento real significativo da renda, a expectativa de inflação superior a 5% em 2025 e a forte dependência do crédito, com taxas de juros acima de 48% ao ano. Esses elementos dificultam o reequilíbrio financeiro das famílias, especialmente as de renda média e baixa.
Inflação atinge com mais força as classes mais baixas
A pesquisa também revelou um impacto mais severo da inflação sobre os lares com menor renda. Entre as famílias que ganham até dez salários mínimos, 75,6% estão endividadas. Já entre aquelas com renda superior, o índice é de 58,4%, o que evidencia uma pressão desproporcional sobre o orçamento das camadas mais vulneráveis.
Comprometimento da renda dá leve sinal de alívio
Apesar da alta na inadimplência e no endividamento, o comprometimento da renda com dívidas caiu para 28,4% em maio – o menor patamar desde setembro de 2021. Isso se deve, em parte, ao crescimento do grupo de famílias que comprometem menos de 10% da renda com dívidas.
Conclusão
O avanço da inadimplência entre os lares paulistanos reflete um cenário de fragilidade econômica, em que renda apertada, inflação resistente e crédito caro se combinam para dificultar a recuperação financeira. A queda no comprometimento da renda é um dado positivo, mas ainda insuficiente para conter o aumento do número de inadimplentes. Para reverter esse quadro, será necessário um alívio mais consistente nos preços e melhores condições de renda para as famílias.