Bolsonaro deu uma resposta política a temas de natureza jurídica
Durante participação no programa WW, o advogado criminalista Renato Stanziola Vieira analisou o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, Bolsonaro adotou uma abordagem política ao ser questionado sobre temas de natureza jurídica, evitando negar diretamente os atos que lhe são atribuídos.
Respostas políticas e ausência de negação
De acordo com Vieira, o ex-presidente não se esquivou de reconhecer os fatos em análise, mas procurou justificá-los com argumentos de caráter político. O advogado observou que Bolsonaro mencionou figuras como Leonel Brizola e o ministro Flávio Dino, numa tentativa de contextualizar suas ações politicamente, sem rebater juridicamente as acusações.
Distância entre o discurso e o enquadramento legal
Para o criminalista, o depoimento evidenciou uma clara desconexão entre o conteúdo das perguntas e o teor das respostas. Enquanto o STF buscava esclarecer os aspectos legais dos fatos, Bolsonaro, segundo Vieira, se manteve em uma linha de raciocínio voltada para a política, criando uma espécie de “mundo paralelo” ao processo judicial.
Alerta sobre o papel do STF
Vieira também demonstrou preocupação com a condução do processo e o impacto das decisões do Supremo na atuação do Judiciário em todo o país. Ele destacou que as ações do STF acabam funcionando como referência para juízes de outras instâncias e, por isso, a forma como os procedimentos são conduzidos tem grande relevância institucional.
Um ato importante, mas sem impacto decisivo
Embora tenha feito ponderações sobre o conteúdo e a postura adotada no depoimento, o advogado ressaltou que o interrogatório foi um passo importante no andamento do processo. Ele afirmou ainda que a decisão do ministro Alexandre de Moraes de ouvir o ex-presidente era esperada e faz parte do trâmite legal.
Conclusão
A análise de Renato Stanziola Vieira revela um contraste entre a natureza jurídica do processo e a estratégia adotada por Jair Bolsonaro ao prestar depoimento. Para o criminalista, o ex-presidente preferiu se posicionar politicamente, sem negar os atos investigados, enquanto o STF manteve o foco nos aspectos legais. Apesar das diferenças de abordagem, o interrogatório foi considerado um movimento legítimo e necessário no curso das investigações.