Como os irmãos Batista pretendem levantar R$ 13 bilhões para encerrar a disputa pela Eldorado Celulose
Os controladores da J&F, Joesley e Wesley Batista, estão em busca de uma estratégia financeira consistente para consolidar o controle da Eldorado Celulose e encerrar o litígio com a Paper Excellence, acionista com cerca de 49% da empresa. Para isso, estão juntando duas frentes principais:
1. Novo ciclo de investimentos — R$ 25 bilhões via J&F
A J&F anunciou um plano bilionário que prevê cerca de R$ 50 bilhões de investimentos nos próximos anos. Metade desse montante — R$ 25 bilhões — será destinado a uma nova linha produtiva na Eldorado, em Três Lagoas (MS), além de infraestrutura ferroviária e ampliação das florestas. Isso gera fluxo interno de caixa, reforça a operação e sustenta o argumento de viabilidade econômica rumo à consolidação da nova fase da empresa.
2. Redução de repasses para acionistas minoritários
Desde 2023, a Eldorado vem distribuindo menos dividendos — uma queda de lucro que favorece os Batista. Isso reduz o montante que precisa ser pago à Paper Excellence, cuja parcela salarial está limitada a cerca de 25% dos lucros distribuíveis. Com uma lucratividade menor, o valor destinado à rival cai proporcionalmente.
🧩 Somando esforços para fechar a “guerra”
- Fluxo de investimento próprio: Os R$ 25 bi da J&F servem para financiar a expansão, ao mesmo tempo em que fortalecem a posição dos Batista como controladores plenos, reduzindo a urgência de repasses burocráticos.
- Lucros controlados: Ao pressionar uma distribuição menor de lucros, eles ajustam os números do caixa para minimizar despesas com dividendos sem confrontos legais.
- Gestão jurídica ativa: Movimentações no Cade, processos judiciais e arbitragem fazem parte do foco em postergar ou bloquear o pagamento à acionista estrangeira, criando espaço temporal até que a nova estrutura esteja consolidada.
O que isso significa na prática
Caso o plano se concretize, os irmãos Batista terão mobilizado aproximadamente R$ 13 bilhões do total projetado (metade dos R$ 25 bi) para:
- financiar a Segunda Linha da Eldorado
- garantir ganhos com fluxo de caixa positivo
- reduzir a distribuição de dividendos à rival
- encerrar o conflito societário com maior robustez e autonomia
Essa combinação de investimento industrial e gestão financeira mostra uma estratégia híbrida: criar valor interno ao mesmo tempo em que reorganizam a estrutura societária para assumir o controle pleno da Eldorado sem pressões externas imediatas.