Economia

Dólar avança após declarações de Lula e debate sobre IOF; Ibovespa recua

O dólar à vista iniciou esta terça-feira (3) em alta frente ao real, com os investidores reagindo a sinais de deterioração no comércio global e aguardando definições do governo brasileiro sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Às 10h31, a moeda subia 0,28%, cotada a R$ 5,6882 na venda.

No mesmo horário, o Ibovespa recuava 0,10%, aos 136.651,04 pontos, refletindo a cautela dos investidores diante do ambiente externo conturbado e da espera por anúncios na área fiscal.

Disputas comerciais dos EUA pressionam mercados

No cenário internacional, o movimento de alta do dólar ocorre em meio a uma tentativa de recuperação após perdas acentuadas na véspera. A tensão cresceu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a intenção de dobrar as tarifas sobre aço e alumínio importados para 50%, além de acusar a China de descumprir acordos comerciais recentes.

A perspectiva de tarifas mais altas reacendeu preocupações sobre os impactos dessas medidas na economia americana. Analistas avaliam que o endurecimento nas relações comerciais pode provocar uma fuga de capitais dos Estados Unidos, prejudicando ativos financeiros, inclusive o dólar. Ainda assim, nesta manhã, o índice do dólar — que mede seu desempenho frente a outras seis moedas — subia 0,58%, a 99,158 pontos.

Interesse por emergentes cresce, mas riscos persistem

Segundo analistas, a saída de recursos dos EUA tem estimulado o interesse por mercados emergentes, como o Brasil. A analista Larissa Quaresma, da Empiricus Research, observou que os investidores têm buscado destinos com “valuations” atrativos e contexto político mais favorável, enquanto os “Trumponomics” aumentam a pressão sobre os títulos do Tesouro americano.

Ainda nesta terça, o relatório Jolts — com dados sobre vagas de emprego abertas nos EUA — também está no radar e pode influenciar os mercados.

Expectativa por decisão sobre IOF mantém cautela

No Brasil, o foco do mercado está voltado para a definição do governo sobre os aumentos no IOF. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda nesta tarde para discutir medidas estruturais voltadas ao equilíbrio fiscal.

A elevação recente do IOF tem gerado preocupação entre investidores, que a veem como uma solução pontual para um problema estrutural. A sinalização de alternativas mais amplas e reformas pode contribuir para reduzir a volatilidade.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, destacou que o IOF se tornou um símbolo da fragilidade fiscal brasileira, e que uma substituição por medidas estruturais poderia trazer mais estabilidade: “A expectativa é que haja alguma pacificação”.

Produção industrial avança levemente

Em meio às tensões, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a produção industrial brasileira cresceu 0,1% em abril, na comparação com março. O dado, embora modesto, sinaliza uma leve recuperação no setor.

Conclusão

O mercado financeiro brasileiro operou com viés negativo nesta terça-feira, pressionado por fatores internos e externos. O dólar avançou em meio ao agravamento das disputas comerciais lideradas pelos Estados Unidos, enquanto investidores no Brasil aguardam sinais concretos sobre o futuro do IOF. A expectativa de medidas estruturais do governo é vista como um possível ponto de inflexão. Até lá, o ambiente deve seguir marcado por cautela e volatilidade.

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