Definições sobre possíveis substituições ao IOF ficarão para depois de encontro entre lideranças, afirma Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o anúncio de eventuais alternativas ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) será feito somente após uma reunião com os líderes políticos, marcada como parte dos debates sobre a reformulação do sistema tributário nacional. A declaração reforça o papel do diálogo entre Executivo e Legislativo na construção de caminhos para modernizar a arrecadação sem comprometer a estabilidade fiscal do país.
Segundo Haddad, a busca por substitutos ao atual modelo de cobrança do IOF está inserida em um esforço mais amplo de revisão tributária, que busca simplificar a estrutura de impostos brasileira e torná-la mais eficiente, previsível e alinhada com padrões internacionais. O IOF, criado originalmente com função regulatória, passou a ser também uma importante fonte de arrecadação, o que dificulta sua simples extinção sem a criação de alternativas viáveis.
A reunião com os líderes, que ainda está em fase de organização, deverá reunir representantes da base governista, da oposição e de diferentes setores da economia. O objetivo é construir consensos mínimos antes de levar qualquer proposta ao Congresso Nacional. Para o governo, a substituição do IOF exige não apenas uma solução técnica, mas também um acordo político que permita tramitação mais célere e segura das mudanças.
Entre os pontos que estão sendo avaliados como possíveis substitutos ao IOF, estão a reestruturação de tributos existentes, a criação de contribuições temporárias com fins específicos, ou mesmo a incorporação parcial de sua função reguladora em novos instrumentos de controle econômico. No entanto, nenhuma dessas opções foi oficialmente detalhada, justamente por dependerem do resultado do diálogo com as lideranças partidárias.
O IOF incide hoje sobre operações de crédito, câmbio, seguro e títulos financeiros, e sua função vai além da arrecadação: também serve como ferramenta para controlar fluxos financeiros e proteger a economia de movimentos especulativos. Por isso, qualquer tentativa de substituí-lo exige cautela para não gerar efeitos indesejados, como perda de controle sobre o mercado financeiro ou desequilíbrios na balança de capitais.
Além disso, o governo enfrenta o desafio de garantir que a retirada do IOF não comprometa receitas fundamentais para o equilíbrio fiscal, especialmente em um momento em que se busca manter o compromisso com metas de resultado primário e responsabilidade com os gastos públicos. Esse equilíbrio entre arrecadação e simplificação tributária tem sido uma constante no discurso de Haddad e da equipe econômica.
Por enquanto, o ministro tem evitado antecipar cenários ou divulgar medidas específicas antes de ouvir as lideranças políticas. A estratégia adotada pela Fazenda é de cautela e construção coletiva, para evitar ruídos no mercado e resistências no Congresso. Haddad reafirma que não há pressa, mas sim a necessidade de um plano sólido, bem negociado e tecnicamente embasado.
Dessa forma, o futuro do IOF e suas possíveis alternativas continuam em aberto, pendentes de decisões políticas que só devem ser tomadas após articulação com as lideranças do país. O governo aposta na via do diálogo para avançar nessa pauta sensível, buscando uma reforma tributária mais moderna, justa e equilibrada.