De olho em 2026, ala do PT ligada a Lula busca estreitar laços com o setor empresarial
A corrente “Construindo um Novo Brasil” (CNB), majoritária no Partido dos Trabalhadores (PT) e ligada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu um esforço mais sistemático do partido para se aproximar dos empreendedores brasileiros. A proposta faz parte do documento programático apresentado pela CNB para a eleição interna da legenda, marcada para 6 de julho, na qual o ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, é o candidato do grupo à presidência do partido.
Segundo o texto, falta ao PT uma interlocução mais estruturada e constante com o setor produtivo. A corrente afirma que essa aproximação deve ser refletida tanto no discurso partidário quanto na própria organização interna, por meio da criação de setoriais voltados às micro e pequenas empresas em âmbito nacional e estadual.
Histórico de políticas públicas para o setor
A CNB destaca que os governos petistas foram responsáveis por políticas importantes voltadas ao empreendedorismo no país, como a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, sancionada em 2006, e a criação da categoria de microempreendedor individual (MEI), em 2008. Também são citadas medidas mais recentes, como programas de crédito e renegociação de dívidas promovidos no atual governo.
Parcerias público-privadas como alternativa ao cenário fiscal
Frente ao atual cenário de limitações fiscais e à manutenção da taxa básica de juros em patamar elevado, o grupo defende a retomada das parcerias público-privadas (PPPs) como caminho para fomentar investimentos e modernizar a gestão pública. A taxa Selic, atualmente em 14,75% ao ano, é classificada pela CNB como “injustificável”.
O documento ressalta a importância de garantir uma regulamentação que evite abusos, tanto em tarifas quanto em valores de outorga, para que essas parcerias beneficiem efetivamente a população.
Percepção popular e desafios da comunicação
Outro ponto levantado pela corrente diz respeito à dificuldade de o governo Lula tornar visíveis os avanços promovidos em áreas como educação, renda e geração de emprego. Segundo o texto, há uma percepção limitada por parte das camadas populares sobre as realizações da atual gestão, o que representa um desafio político e comunicacional.
Desenvolvimento sustentável para a Amazônia
A CNB também propõe um modelo específico de financiamento para impulsionar o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A corrente aponta que a região enfrenta problemas históricos de exploração predatória e devastação ambiental, agravados por desigualdades regionais e altos custos de energia.
O grupo defende que a energia no Norte — assim como no Centro-Oeste e no Nordeste — não pode continuar mais cara do que nas demais regiões do país. Além disso, reforça a importância da preservação dos biomas como estratégia para combater o desmatamento, os incêndios e os efeitos das mudanças climáticas.
Conclusão
Com as eleições internas do PT se aproximando, a CNB aposta em uma agenda que combina maior diálogo com o setor empresarial, defesa de investimentos sustentáveis e revisão da comunicação governamental. Ao mesmo tempo em que valoriza o legado dos governos petistas, a corrente propõe ajustes estratégicos para ampliar a base de apoio e consolidar o projeto político de Lula rumo a 2026.