Atividade industrial da China desacelera em maio devido a tarifas, aponta PMI do Caixin
A atividade industrial da China apresentou retração em maio, registrando o primeiro encolhimento em oito meses, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (3) pelo Caixin/S&P Global. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) da indústria caiu de 50,4 em abril para 48,3 no mês passado, ficando abaixo das previsões de analistas consultados pela Reuters.
O resultado não apenas marca a primeira contração desde setembro de 2023, como também representa o nível mais baixo registrado nos últimos 32 meses. Como referência, valores abaixo de 50 indicam retração na atividade econômica do setor.
Resultado reflete tendência apontada por dados oficiais
Os dados divulgados pelo Caixin estão em linha com o PMI oficial, que já havia apontado queda na atividade industrial pelo segundo mês consecutivo. A combinação de ambos os índices reforça o sinal de que a indústria chinesa enfrenta um momento de desaquecimento.
Tarifas norte-americanas pressionam exportações
A retração ocorre em um cenário de renovadas tensões comerciais entre China e Estados Unidos. Um tribunal federal de apelações dos EUA restabeleceu temporariamente as tarifas comerciais, revertendo uma decisão anterior que limitava a autoridade do então presidente Donald Trump na imposição dessas medidas.
Esse ambiente de incerteza impactou diretamente a demanda externa. A pesquisa revelou que os novos pedidos de exportação caíram pelo segundo mês seguido, com o ritmo de queda sendo o mais acentuado desde julho de 2023. Produtores ouvidos atribuem a retração às barreiras tarifárias impostas pelos Estados Unidos, que reduziram significativamente o apetite global pelos produtos chineses.
Sinais de desaceleração mais ampla
Com a demanda enfraquecida, os volumes gerais de novos pedidos recuaram ao menor nível desde setembro de 2022. A produção industrial, por sua vez, também foi afetada, apresentando queda pela primeira vez desde outubro do ano passado.
Impasse nas negociações e possíveis medidas de resposta
Apesar de uma trégua recente nas negociações comerciais entre as duas maiores economias do mundo, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que os diálogos estão “um pouco paralisados”. Em resposta, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, declarou que o governo estuda o uso de ferramentas adicionais, incluindo ações classificadas como “não convencionais”, dependendo do desenrolar do cenário internacional.
Conclusão
O enfraquecimento da atividade industrial chinesa em maio reflete os efeitos concretos das tensões comerciais com os Estados Unidos e evidencia os desafios enfrentados pela segunda maior economia do mundo. Com exportações em queda e produção desacelerando, Pequim se vê pressionada a adotar medidas de estímulo para mitigar os impactos externos e estabilizar o setor manufatureiro.