Economia

Com fragilidade do dólar e tensões comerciais, cotação do ouro dispara e rompe novo recorde

O mercado internacional de commodities foi sacudido por mais um movimento expressivo no preço do ouro, que registrou alta de 2,5% e alcançou a marca inédita de US$ 3.300 por onça-troy. Esse avanço reforça a posição do metal precioso como ativo de proteção diante de um cenário global marcado por instabilidade econômica, desvalorização do dólar e crescimento das tensões comerciais entre grandes potências.

A combinação de uma moeda americana mais fraca e o anúncio de novas tarifas comerciais por parte de governos estratégicos reacendeu o apetite por ativos considerados mais seguros. Como tradicional refúgio em períodos de incerteza, o ouro voltou a atrair investidores institucionais, bancos centrais e fundos internacionais, que passaram a reforçar suas posições no metal diante da crescente volatilidade dos mercados financeiros.

A fraqueza do dólar foi um dos principais motores dessa valorização. Com expectativas de cortes nas taxas de juros por parte do Federal Reserve e dados econômicos que indicam uma possível desaceleração da economia dos Estados Unidos, a moeda norte-americana perdeu força frente a outras divisas, especialmente o euro, o iene e o yuan. Essa desvalorização torna o ouro mais barato para investidores estrangeiros, aumentando a demanda e, consequentemente, puxando os preços para cima.

Além disso, o clima de confronto comercial entre grandes economias, com o retorno de tarifas sobre setores estratégicos como tecnologia, energia e agricultura, elevou a percepção de risco sistêmico. Com isso, agentes do mercado passaram a se proteger por meio de aplicações em ativos menos expostos às flutuações das políticas comerciais, como o ouro.

A escalada no preço do metal não é um fenômeno isolado. Ao longo dos últimos meses, o ouro já vinha apresentando tendência de valorização contínua, acompanhando o aumento do temor em relação à estabilidade política e financeira global. Desde crises bancárias pontuais até conflitos geopolíticos em regiões sensíveis, o ambiente internacional passou a alimentar movimentos de precaução, em que a preservação de patrimônio se tornou prioridade.

Do ponto de vista técnico, a superação do nível de US$ 3.300 representa uma quebra importante de resistência para o ouro. Operadores de mercado já trabalham com novas projeções, que apontam para possíveis toques em patamares ainda mais altos, caso os fatores de instabilidade persistam. Entre os grandes investidores, há quem veja espaço para o metal atingir até US$ 3.500 por onça nos próximos trimestres, especialmente se o dólar seguir em trajetória descendente.

No mercado físico, a alta também começa a se refletir no comércio de joias, barras e moedas de ouro. Em várias regiões, a procura por ouro físico aumentou significativamente, com estoques menores e prazos de entrega mais longos. Essa movimentação se intensifica em momentos de crise, quando o apelo do ouro como bem tangível ganha ainda mais força.

Outro elemento que alimenta essa corrida pelo ouro é a política de reservas de bancos centrais. Diversos países emergentes vêm aumentando sua exposição ao metal nos últimos anos como forma de diversificação de ativos, reduzindo a dependência do dólar. Com o recente salto de preços, esses movimentos ganharam nova justificativa e devem se manter firmes.

A alta do ouro, por fim, também afeta outros mercados, como o de ações e o de títulos soberanos. Em momentos como este, há uma migração de recursos de ativos de risco para instrumentos mais conservadores, o que provoca ajustes em carteiras globais e redefine estratégias de curto e médio prazo para gestores de patrimônio.

Em resumo, a disparada recente do ouro é o reflexo direto de um mundo em transição: moedas instáveis, políticas comerciais imprevisíveis e um investidor cada vez mais preocupado em proteger seu capital contra choques futuros. O ouro, como tem feito há séculos, responde com firmeza, reafirmando seu papel central em tempos de insegurança. A marca histórica de US$ 3.300 não é apenas simbólica — ela revela o pulso de um mercado que continua buscando segurança em um cenário cada vez mais incerto.

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