BNDES destina R$ 350 milhões para projetos de preservação marinha e desenvolvimento sustentável dos oceanos
Em uma ação voltada à proteção ambiental e ao estímulo ao uso responsável dos recursos naturais, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a mobilização de R$ 350 milhões para projetos voltados à biodiversidade marinha e ao desenvolvimento sustentável dos ecossistemas costeiros e oceânicos. A iniciativa representa um dos maiores investimentos já realizados no país com foco exclusivo no universo marinho, marcando um novo capítulo na política de fomento à economia azul e à conservação dos mares.
O montante será destinado a programas que abrangem desde a proteção de espécies ameaçadas e recuperação de habitats naturais até o incentivo à inovação em atividades produtivas sustentáveis, como a pesca artesanal, aquicultura responsável, turismo ecológico e pesquisa científica aplicada ao meio marinho. O objetivo é conciliar a preservação ambiental com o desenvolvimento socioeconômico de comunidades costeiras e regiões com vocação oceânica.
O anúncio do investimento ocorre em um contexto global de crescente preocupação com os efeitos das mudanças climáticas, a poluição marinha — especialmente por plásticos e resíduos químicos — e a sobre-exploração dos recursos pesqueiros. Nesse cenário, o Brasil, com sua extensa faixa litorânea de mais de 7 mil quilômetros e um dos maiores potenciais de biodiversidade marinha do planeta, busca se posicionar como liderança no desenvolvimento sustentável voltado aos oceanos.
A estratégia do BNDES prevê a captação e alocação de recursos por meio de parcerias com organizações não-governamentais, universidades, institutos de pesquisa, empresas privadas e governos estaduais e municipais. Os projetos financiados deverão apresentar metas concretas de impacto ambiental e social, como a recuperação de áreas degradadas, o monitoramento da vida marinha, o fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis e a criação de mecanismos de governança costeira.
Segundo o banco, a ideia é que os investimentos gerem resultados de longo prazo, combinando conservação ambiental com geração de emprego e renda, especialmente em regiões mais vulneráveis. O foco em soluções baseadas na natureza e na valorização do conhecimento tradicional de comunidades costeiras é um dos pilares da iniciativa, que busca também ampliar o engajamento da sociedade civil na defesa dos ecossistemas marinhos.
Entre os tipos de projetos que poderão receber apoio estão ações de reflorestamento de manguezais e restingas, recuperação de recifes de coral, controle de espécies invasoras, desenvolvimento de tecnologia para reduzir a poluição de origem terrestre e aprimoramento dos sistemas de rastreamento e gestão pesqueira. Também está previsto o incentivo à formação de redes de áreas marinhas protegidas e corredores ecológicos, promovendo a conectividade dos habitats e aumentando a resiliência dos ecossistemas diante das pressões humanas e climáticas.
O banco também pretende fortalecer a infraestrutura de pesquisa e inovação na área marinha, com apoio a laboratórios, embarcações científicas, centros de dados oceânicos e iniciativas de capacitação técnica. A intenção é que o conhecimento gerado por esses projetos possa subsidiar políticas públicas e orientar investimentos futuros com base em evidências científicas e boas práticas internacionais.
Além do impacto ambiental, o programa busca resultados econômicos mensuráveis, apostando no crescimento da chamada economia azul — um modelo que reconhece o valor econômico dos oceanos e mares, mas que exige uma abordagem equilibrada entre uso e conservação. A ideia é promover cadeias produtivas que respeitem os limites dos ecossistemas, garantindo sustentabilidade no longo prazo e inclusão social nas regiões costeiras.
Com o aporte de R$ 350 milhões, o BNDES reforça seu papel de articulador de soluções estruturantes para o Brasil, promovendo um modelo de desenvolvimento que valoriza os recursos naturais como ativos estratégicos para o país. Ao priorizar a biodiversidade marinha, o banco aponta para um futuro onde os oceanos deixem de ser vistos apenas como fronteiras exploratórias e passem a ser tratados como parceiros no desenvolvimento sustentável, essenciais para o equilíbrio climático, a segurança alimentar e a saúde do planeta.