Carne brasileira segue competitiva nos EUA mesmo após tarifaço de Trump: entenda os motivos
Mesmo com a imposição de tarifas adicionais por parte do governo dos Estados Unidos, a carne brasileira mantém sua competitividade no mercado internacional — e continua atraente para importadores norte-americanos. A decisão recente do ex-presidente Donald Trump, que voltou ao cenário político com promessas protecionistas, aumentou as taxas sobre diversas commodities importadas, inclusive a carne bovina e de frango. Ainda assim, o Brasil segue competitivo. Mas por quê?
1. Custo de produção mais baixo
Um dos principais fatores que mantém a carne brasileira atraente, mesmo com tarifas mais altas, é o baixo custo de produção. O Brasil possui extensas áreas de pastagem natural, clima favorável e uma cadeia produtiva altamente adaptada à criação extensiva de gado. Esses elementos reduzem significativamente os gastos com ração, infraestrutura e mão de obra, tornando o produto final mais barato do que o de concorrentes como os Estados Unidos, Austrália e Argentina.
Mesmo com tarifas, o preço da carne brasileira “chegando lá” continua, em muitos casos, inferior ao de produtos locais ou de outros exportadores.
2. Volume e escala de produção
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e um dos maiores de frango e suínos. Esse volume em larga escala permite negociações mais vantajosas com importadores e uma diluição maior dos custos logísticos e operacionais. Grandes frigoríficos brasileiros, como JBS, Marfrig e BRF, já possuem infraestrutura e presença consolidada em diversos mercados, inclusive nos EUA, o que também ajuda a mitigar os impactos do tarifaço.
3. Parcerias e acordos comerciais indiretos
Ainda que os EUA tenham adotado medidas protecionistas, o Brasil tem buscado novas rotas comerciais e estratégias de entrada indireta no mercado norte-americano. Isso inclui, por exemplo, o envio de carne pré-processada para países intermediários que possuem acordos comerciais mais favoráveis com os EUA, ou até mesmo o uso de subsidiárias no exterior que atuam na redistribuição.
4. Demanda consistente por proteína animal
A demanda dos consumidores norte-americanos por carne segue alta. Com inflação em alta e o custo da carne produzida localmente pressionado, importadores dos EUA continuam buscando fontes alternativas para manter os estoques. Em muitos casos, mesmo com tarifas, a carne brasileira representa uma opção economicamente viável diante da escassez de alternativas com qualidade e preço similares.
5. Qualidade e rastreabilidade melhoradas
O setor pecuário brasileiro tem investido significativamente em melhorias sanitárias, rastreabilidade e sustentabilidade. Essas ações ampliam a aceitação internacional dos produtos nacionais e ajudam a afastar antigos estigmas relacionados à carne brasileira. Muitos frigoríficos já operam com certificações internacionais, o que abre portas mesmo em ambientes comerciais mais hostis.
Conclusão
O tarifaço de Trump certamente gera desafios para os exportadores brasileiros, mas ainda não foi suficiente para tirar a carne do Brasil da lista de fornecedores competitivos nos Estados Unidos. A combinação de baixo custo, escala de produção, qualidade crescente e uma demanda internacional estável mantém a força da carne brasileira — mesmo em meio a uma guerra comercial. Se o cenário protecionista continuar a crescer, o setor precisará buscar ainda mais alternativas logísticas, diplomáticas e tecnológicas para preservar sua presença em mercados estratégicos.