Lula escolhe Carlos Brandão, governador do Maranhão e aliado de Nunes Marques, para vaga no STJ
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu indicar o governador do Maranhão, Carlos Brandão, para assumir uma das vagas abertas no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A escolha surpreendeu parte do meio político e jurídico, não apenas pelo nome, mas também pelo perfil do indicado: Brandão é considerado um aliado próximo do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), nomeado ainda durante o governo Jair Bolsonaro.
A decisão marca mais um movimento estratégico de Lula na composição das cortes superiores, equilibrando interesses políticos, regionais e institucionais. Embora filiado ao PSB, partido da base do governo, Brandão mantém uma postura considerada moderada e já demonstrou interlocução com diferentes setores, inclusive figuras mais conservadoras do Judiciário.
A nomeação deve ser oficializada nos próximos dias e será enviada ao Senado, onde passará por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A expectativa é de que Brandão seja aprovado com facilidade, graças à sua boa relação com lideranças do Congresso, tanto da base quanto da oposição.
Internamente, a escolha também sinaliza uma tentativa de ampliar a influência do Palácio do Planalto no STJ, corte responsável por uniformizar decisões da Justiça comum em todo o país. Com a indicação de Brandão, Lula busca formar uma base mais sólida nas instâncias superiores, especialmente em um momento em que temas sensíveis — como ações contra autoridades e conflitos federativos — ganham cada vez mais destaque.
Carlos Brandão é médico veterinário de formação e tem longa trajetória política. Antes de assumir o governo do Maranhão, foi deputado federal e vice-governador em gestões do ex-governador Flávio Dino. Sua gestão à frente do estado foi marcada por uma política de continuidade dos programas sociais, investimentos em infraestrutura e alianças amplas com partidos de diferentes matizes ideológicas.
Apesar de não ter carreira na magistratura, Brandão é apontado por aliados como um nome de “perfil conciliador” e que pode representar um novo tipo de interlocução no STJ — menos técnica, mas com forte base política e capacidade de articulação.
A indicação também reacende o debate sobre o critério político nas escolhas para os tribunais superiores, tema que divide opiniões entre juristas e parlamentares. Enquanto alguns criticam a falta de experiência jurídica do governador, outros defendem que sua vivência política pode enriquecer os debates da corte e trazer uma visão mais plural para as decisões.
Com essa nomeação, Lula reforça sua estratégia de compor as cortes com nomes de confiança e que reflitam o equilíbrio de forças de sua base de apoio, ao mesmo tempo em que abre espaço para aliados regionais com influência em suas áreas. A presença de Brandão no STJ pode representar, portanto, não apenas uma mudança de perfil no tribunal, mas também um novo elo entre o Judiciário e o cenário político nacional.