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TSE alerta para possível “colapso logístico” caso eleições sejam unificadas

A proposta de unificar as eleições municipais, estaduais e federais, aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, acendeu um alerta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com técnicos da Corte, a unificação acarretaria um cenário de “caos logístico”, diante do volume e complexidade que a operação exigiria.

Segundo interlocutores da cúpula do TSE, o acúmulo de processos eleitorais, como registros de candidatura e ações de propaganda, provocaria um “engarrafamento” jurídico e administrativo de difícil manejo, além de elevar substancialmente os custos operacionais do pleito.

Nove votos em um só dia e desafios logísticos

Uma das maiores preocupações técnicas recai sobre o tempo de votação. Em uma eleição unificada, cada eleitor precisaria votar para até nove cargos em um único dia — uma operação que exigiria mais urnas eletrônicas, ampliação das zonas eleitorais e um número maior de servidores e colaboradores.

A Justiça Eleitoral avalia que esses ajustes envolveriam investimentos elevados, considerados desproporcionais, principalmente pelo fato de que o ciclo eleitoral se tornaria quinquenal, ou seja, com eleições apenas a cada cinco anos.

Sobrecarga jurídica e estrutura dos TREs

Além do desafio logístico, o TSE também aponta um impacto expressivo sobre o sistema jurídico-eleitoral. Hoje, mesmo com pleitos separados, muitos candidatos têm suas situações legais indefinidas até a data da votação. Com a unificação, a estimativa é de que mais de 2 milhões de candidatos disputem cargos simultaneamente, gerando um volume inédito de ações, recursos e representações.

Os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) seriam duplamente exigidos: atuando como instância inicial nos casos estaduais e como segunda instância nos municipais. A avaliação interna do TSE é de que, sem um reforço considerável nas estruturas dos TREs, o funcionamento do sistema ficaria comprometido.

Manutenção do engajamento cívico também preocupa

Outro ponto destacado é o impacto a longo prazo sobre o envolvimento da população com o processo democrático. Com a ampliação do intervalo entre eleições para cinco anos, haveria a necessidade de campanhas institucionais constantes por parte do TSE para manter o interesse público nas questões políticas e eleitorais — um desafio extra em tempos de desinformação e apatia política crescente.

Conclusão

A proposta de unificar as eleições pode representar, em tese, uma simplificação do calendário político. No entanto, do ponto de vista técnico, ela carrega riscos operacionais e jurídicos significativos. O TSE alerta que, sem o devido preparo e reforço estrutural, a medida poderia comprometer a eficiência e a credibilidade do processo eleitoral brasileiro. O debate no Congresso continua, agora sob o peso das preocupações levantadas pela Justiça Eleitoral.

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