Vice-presidente Alckmin afirma que Brics não tratou de abandonar dólar no comércio internacional
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou de maneira categórica que o bloco formado pelos países do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — não discutiu, em suas recentes reuniões, qualquer proposta concreta relacionada à desdolarização do comércio global. A declaração de Alckmin foi feita em meio a especulações sobre uma possível articulação entre os países membros para reduzir a dependência do dólar em transações internacionais.
Segundo o vice-presidente, as reuniões do Brics têm se concentrado em temas voltados ao fortalecimento da cooperação econômica, à ampliação de investimentos entre os países membros e ao incentivo à integração produtiva e comercial. Contudo, ele reforçou que não houve qualquer deliberação sobre o abandono do dólar como moeda de referência para as trocas comerciais do bloco, contrariando boatos que vinham circulando em meios políticos e econômicos.
Alckmin destacou que o comércio global ainda é amplamente estruturado sobre o uso do dólar americano, e que uma mudança nesse paradigma exigiria transformações profundas e complexas nos sistemas financeiros e bancários internacionais. Ele também lembrou que, embora haja discussões pontuais em algumas economias sobre alternativas ao dólar — como moedas digitais estatais e acordos bilaterais em moedas locais —, o Brics, enquanto bloco, não firmou nenhuma posição oficial nesse sentido.
As declarações de Alckmin servem como uma resposta às interpretações que surgiram após reuniões recentes do grupo, onde temas relacionados à multipolaridade econômica e ao papel das instituições financeiras internacionais foram debatidos. Para o vice-presidente, é natural que os países discutam mecanismos para fortalecer suas moedas nacionais e ampliar sua autonomia econômica, mas isso não significa uma movimentação coordenada para retirar o dólar de cena.
O tema da desdolarização vem ganhando espaço no debate internacional, principalmente em meio às tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e outras grandes potências, como a China e a Rússia. Esses países têm buscado, de forma individual, reduzir sua exposição ao sistema financeiro dominado pelo dólar, mas o Brasil, segundo Alckmin, adota uma postura pragmática e equilibrada, sem aderir a discursos ou medidas radicais.
O posicionamento do vice-presidente também visa tranquilizar os mercados e os parceiros comerciais, sinalizando que o Brasil não pretende se afastar das práticas consolidadas do comércio global, e que continua comprometido com a estabilidade monetária e a previsibilidade nos negócios internacionais. Para Alckmin, o foco atual do Brics está em criar instrumentos para facilitar o financiamento de projetos conjuntos, especialmente por meio do Novo Banco de Desenvolvimento, e em promover um crescimento econômico inclusivo.
Com isso, a fala de Alckmin reflete uma tentativa do governo brasileiro de colocar os debates do Brics em perspectiva, evitando interpretações que possam gerar ruídos diplomáticos ou instabilidade no mercado. O Brasil, segundo ele, continuará buscando integração econômica com diversos parceiros, sem romper com estruturas já estabelecidas no cenário internacional.