Isenção do Imposto de Renda reacende discussão sobre mudanças profundas no sistema tributário, diz Hugo
A proposta de ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física voltou a esquentar o debate político e econômico no país. Para o deputado federal Cláudio Cajado Hugo, este movimento representa mais do que um ajuste pontual: ele vê a discussão como o ponto de partida para uma reforma tributária com caráter verdadeiramente estruturante.
Hugo, que acompanha de perto as movimentações do Congresso Nacional em torno da reforma tributária, tem ressaltado que a simples alteração na faixa de isenção não deve ser tratada de forma isolada. Em sua avaliação, ao abrir espaço para reavaliar quem deve contribuir e quanto, o debate traz à tona questões mais amplas e profundas sobre a justiça fiscal, a distribuição da carga tributária e a eficiência do sistema.
A ideia de isentar totalmente pessoas com rendas mais baixas ganhou força diante do cenário de perda de poder aquisitivo e aumento no custo de vida. O governo já anunciou intenção de elevar a faixa de isenção, atualmente limitada, como forma de aliviar a classe trabalhadora e estimular o consumo interno. No entanto, essa medida tem implicações diretas na arrecadação federal e precisa ser compensada de alguma forma, o que leva ao centro da discussão a necessidade de reformular todo o modelo de tributos no Brasil.
Para Hugo, esse é o momento ideal para que o país enfrente temas historicamente negligenciados. Entre eles, estão a complexidade do sistema atual, a alta carga tributária sobre o consumo — que penaliza desproporcionalmente os mais pobres — e a baixa tributação sobre renda e patrimônio. Segundo sua visão, mexer apenas na isenção sem revisar o conjunto do sistema é uma medida limitada e de efeito transitório.
A proposta de uma reforma estruturante, como a defendida pelo parlamentar, passa por reorganizar a forma como impostos são cobrados em todas as esferas — federal, estadual e municipal. Além disso, Hugo defende que uma nova estrutura tributária deve buscar maior progressividade, fazendo com que quem ganha mais contribua mais, e quem ganha menos, menos. Nesse contexto, a mudança na isenção do Imposto de Renda se torna apenas uma parte de um processo muito mais amplo e necessário.
Outra preocupação recorrente apontada por Hugo diz respeito ao equilíbrio fiscal. Ele alerta que qualquer ampliação de isenções deve vir acompanhada de uma compensação que não comprometa os investimentos públicos e a responsabilidade com as contas públicas. Isso significa que a discussão, embora centrada em um aspecto específico da tributação, tem impactos macroeconômicos que precisam ser considerados com cautela.
A receptividade da ideia entre outros parlamentares é variável. Enquanto setores da base do governo apoiam uma revisão ampla, a oposição tende a exigir mais detalhes sobre os impactos da reforma no crescimento econômico e na geração de empregos. O setor empresarial também observa com atenção, temendo possíveis aumentos de carga em outras áreas para compensar a perda de arrecadação com as isenções.
Ainda assim, a reabertura desse debate mostra que a discussão sobre a reforma tributária ganhou nova vitalidade. A menção à isenção do IR funciona como catalisador para um debate maior sobre o papel do Estado, a justiça na cobrança de tributos e a necessidade de um sistema mais transparente e equilibrado.
Para Hugo, o Brasil não pode mais adiar as mudanças. Ele acredita que uma reforma tributária de verdade precisa ser discutida com seriedade, responsabilidade e foco no futuro. E, nesse caminho, a revisão da isenção do Imposto de Renda pode ser o primeiro passo de uma transformação que ele classifica como “estruturante” — não apenas no nome, mas na essência.