Politica

China corta juros para estimular a economia em meio às tensões da guerra comercial

Nesta terça-feira (20), a China anunciou o corte das taxas de juros de referência para empréstimos pela primeira vez desde outubro, em uma tentativa de proteger sua economia dos impactos provocados pela guerra comercial com os Estados Unidos. A ação faz parte de um conjunto de medidas voltadas ao afrouxamento da política monetária e à preservação das margens de lucro dos bancos comerciais.

Cortes nas taxas foram moderados, mas esperados

O Banco do Povo da China informou a redução de 10 pontos-base na Taxa de Empréstimo Prime (LPR, na sigla em inglês) de um ano, que passou a 3,0%. A LPR de cinco anos também caiu na mesma proporção, chegando a 3,5%. Ambas atingiram os menores níveis desde a reformulação do mecanismo em 2019. A LPR de um ano serve de base para a maioria dos empréstimos no país, enquanto a de cinco anos influencia diretamente as taxas hipotecárias.

Apesar das expectativas do mercado, o corte foi considerado modesto, refletindo uma estratégia cautelosa das autoridades chinesas, que vêm adotando um ritmo gradual de estímulos nos últimos anos.

Bancos estatais também reduzem taxas de depósito

Em paralelo ao anúncio do corte na LPR, cinco dos principais bancos estatais chineses — incluindo o Banco Industrial e Comercial da China, o Banco Agrícola da China, o Banco de Construção da China e o Banco da China — também anunciaram a redução de suas taxas de depósito em faixas que variam de 5 a 25 pontos-base, conforme divulgado em seus aplicativos.

Essas mudanças devem influenciar bancos menores a adotarem medidas semelhantes, ampliando o alcance do estímulo ao setor financeiro e ao consumo.

Estratégia cautelosa com foco em estabilidade

De acordo com Marco Sun, analista-chefe do MUFG Bank (China), o objetivo central das medidas é impulsionar o crédito e o consumo interno. No entanto, ele avalia que o banco central poderá adotar uma postura mais conservadora nos próximos meses, a não ser que haja um agravamento nos fatores geopolíticos que afete as projeções de estabilidade econômica.

Os cortes ocorrem às vésperas das negociações entre China e Estados Unidos previstas para este mês em Genebra, sugerindo um esforço do governo chinês para amenizar os efeitos do conflito comercial.

Conclusão

A redução das taxas de juros reflete o esforço contínuo da China para preservar o dinamismo da sua economia em um cenário de incertezas externas. Embora moderadas, as medidas apontam para uma estratégia de estímulo controlado, com foco na sustentabilidade do crescimento e na resposta a desafios geopolíticos. A movimentação do governo também reforça o papel dos bancos estatais como instrumentos de apoio à política econômica em tempos de pressão internacional.

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