Abril registra menor volume de importação de soja pela China em uma década, com queda de 29,1%
As importações de soja do Brasil pela China sofreram uma queda expressiva no mês de abril, recuando 22,2% em comparação com o mesmo período de 2024. Os dados mais recentes indicam que o país asiático comprou 5,3 milhões de toneladas do grão brasileiro, contra 6,8 milhões de toneladas no mesmo mês do ano anterior.
Esse recuo é significativo e chama a atenção do setor agroexportador, uma vez que o Brasil é historicamente o principal fornecedor de soja para a China. O volume menor de compras levanta questionamentos sobre os fatores que motivaram essa retração e as possíveis consequências para os próximos meses.
Logística e gargalos portuários como fatores principais
Entre os principais motivos apontados para a diminuição estão os atrasos no carregamento nos portos brasileiros, sobretudo devido às fortes chuvas que afetaram o escoamento da safra e a programação de navios. Além disso, a alta demanda por grãos no início do ano gerou um acúmulo de embarques, causando congestionamentos logísticos e impactando o calendário de exportações.
Na China, a chegada de volumes abaixo do esperado causou efeitos imediatos no setor de esmagamento de soja, que utiliza o grão para a produção de óleo e farelo, principalmente destinado à alimentação animal. Algumas indústrias locais relataram dificuldades operacionais, com cortes temporários na produção devido à escassez de matéria-prima.
Mudanças na estratégia de compras chinesa
Outro fator que contribuiu para a redução nas importações é a maior diversificação dos fornecedores por parte da China. Apesar de o Brasil continuar sendo o principal exportador, o mercado chinês passou a ampliar suas compras de outros países produtores, como os Estados Unidos e a Argentina, em busca de preços mais competitivos ou prazos de entrega mais favoráveis.
As decisões estratégicas de compra do governo chinês também têm peso nesse cenário. Com estoques relativamente equilibrados no início do segundo trimestre, autoridades chinesas optaram por desacelerar as importações temporariamente, aguardando condições mais favoráveis de negociação e normalização logística no Brasil.
Perspectiva de recuperação ainda em 2025
Apesar da queda registrada em abril, analistas do setor agrícola preveem uma possível recuperação nos volumes exportados ao longo do segundo trimestre. A expectativa é de que as exportações brasileiras ganhem novo ritmo com a melhoria das condições climáticas e a regularização do fluxo nos portos. Há projeções que indicam uma retomada nas compras chinesas já a partir de maio, com importações entre 9 e 10 milhões de toneladas no acumulado bimestral.
A demanda interna da China por farelo de soja segue aquecida, impulsionada pelo crescimento do setor pecuário e pelo aumento na produção de rações. Esse cenário deve manter o país como o maior comprador global de soja, mesmo com oscilações pontuais como a registrada neste último mês.
Impacto no agronegócio brasileiro
Para o Brasil, o recuo nas exportações de abril acende um sinal de alerta, especialmente porque a soja é um dos pilares da balança comercial do país. O setor agrícola observa com atenção os desdobramentos desse movimento, considerando tanto os impactos financeiros quanto os desafios logísticos que influenciam a competitividade no mercado internacional.
A conjuntura evidencia a importância de investimentos contínuos em infraestrutura portuária, transporte e armazenagem, de modo a garantir maior regularidade nas exportações e atender à demanda global em tempos cada vez mais voláteis.