Politica

Aproximação inesperada: bolsonaristas cogitam aliança com Ciro Gomes no Ceará

Em um movimento que surpreendeu parte do cenário político nacional, lideranças do campo bolsonarista estão articulando uma possível aliança com Ciro Gomes para as eleições estaduais de 2026 no Ceará. A proposta envolve o apoio do PL, partido que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro, à candidatura de Ciro ao governo do estado.

A articulação, ainda em estágio inicial, vem sendo impulsionada por líderes do bolsonarismo local que enxergam em Ciro uma figura com potencial de capilaridade política e discurso firme contra a atual hegemonia petista no estado. A ideia seria unir forças em nome de um projeto comum para o Ceará, deixando de lado os antagonismos ideológicos que marcaram os últimos anos.

Apesar de ter sido um dos críticos mais ácidos de Bolsonaro durante os anos recentes, Ciro Gomes pode se beneficiar da reconfiguração do xadrez político no Nordeste. A estratégia, por parte do bolsonarismo, seria conquistar protagonismo em uma região onde tradicionalmente teve dificuldades eleitorais. Uma eventual aliança com um nome forte como Ciro poderia abrir espaço para o PL fincar bandeira no Ceará de forma mais robusta.

Internamente, no entanto, a proposta divide opiniões. Enquanto alguns integrantes do PL cearense defendem a aliança como um gesto de pragmatismo eleitoral, outros veem a aproximação como um contrassenso, dada a longa trajetória de confrontos entre Ciro e Bolsonaro — inclusive com trocas de críticas públicas de alta intensidade.

Do lado de Ciro, ainda não há manifestação clara sobre o assunto. Ele tem evitado comentar diretamente sobre as eleições estaduais, preferindo se concentrar em discussões sobre o cenário nacional e a reconstrução de seu grupo político, que enfrenta dificuldades após resultados modestos nas últimas eleições presidenciais.

A possível composição entre Ciro e o PL pode ser o sinal de uma nova era na política cearense, marcada por alianças menos ortodoxas e mais centradas em interesses regionais do que em fidelidades ideológicas. O movimento também indica que, diante da fragmentação do centro político e do desgaste de nomes tradicionais, as alianças pragmáticas podem ser a chave para 2026.

Nos próximos meses, conversas devem avançar — ou desmoronar — à medida que os diferentes grupos políticos medem o custo-benefício de uma união inesperada. O que está em jogo, além do governo do Ceará, é a própria redefinição das fronteiras ideológicas na política brasileira.

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