Taxa de desemprego aumenta em 12 estados no primeiro trimestre de 2025, revela IBGE
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou recentemente os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), referente ao primeiro trimestre de 2025. O estudo revela que, embora o Brasil tenha registrado uma taxa de desemprego nacional de 7%, o que representa uma melhoria no panorama do mercado de trabalho, 12 das 27 Unidades da Federação (UFs) apresentaram crescimento na taxa de desocupação em comparação ao trimestre anterior.
Esses resultados sinalizam que, apesar da tendência geral de recuperação no mercado de trabalho, algumas regiões do Brasil continuam enfrentando desafios relacionados ao desemprego. A pesquisa aponta que, no primeiro trimestre de 2025, a taxa de desemprego subiu em estados de diversas regiões do país, afetando principalmente unidades da Federação que já enfrentavam dificuldades econômicas.
Crescimento do desemprego em diversos estados
O estado do Maranhão registrou o maior aumento na taxa de desemprego, com um crescimento de 3,9 pontos percentuais. Esse aumento acentuado chama a atenção, já que o Maranhão já enfrentava índices elevados de desemprego em anos anteriores. Em seguida, outros estados do Nordeste, como Alagoas e Rio Grande do Norte, também apresentaram elevações consideráveis. Em Alagoas, o aumento foi de 2,9 pontos percentuais, enquanto no Rio Grande do Norte, o crescimento foi de 2,7 pontos percentuais.
Além destes, outros estados do Brasil também registraram aumento nas taxas de desemprego, entre eles Acre, Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. Esses números refletem não apenas a questão local, mas também o contexto nacional mais amplo, no qual o mercado de trabalho está lidando com desafios estruturais em diversas áreas, incluindo a recuperação pós-pandemia e as flutuações no cenário econômico global.
Embora a situação em algumas dessas UFs tenha piorado, é importante observar que o número de vagas no mercado de trabalho não está diminuindo drasticamente, mas sim que o crescimento no número de postos de trabalho não tem sido suficiente para absorver a população economicamente ativa, que ainda sofre com o desemprego.
As regiões mais afetadas
O Nordeste se destacou como a região com a maior taxa de desemprego, atingindo uma média de 11,1% no primeiro trimestre. A região continua sendo a mais afetada pelas altas taxas de desocupação, uma realidade que tem se arrastado ao longo dos últimos anos. Isso reflete as dificuldades econômicas locais, especialmente em estados que dependem fortemente de setores como agricultura e turismo, que podem ser mais suscetíveis a choques externos, como variações nos preços das commodities e crises sanitárias.
Em contraste, o Sudeste e o Sul do Brasil apresentaram taxas de desemprego mais baixas, de 7,6% e 4,9%, respectivamente. A explicação para essas diferenças regionais está principalmente nas características econômicas de cada região. O Sudeste, com destaque para São Paulo, continua sendo o motor econômico do país, com maior concentração de indústrias, serviços e infraestrutura. Já o Sul, que tem uma economia mais voltada para o agronegócio e a indústria, também se beneficia de uma estrutura mais consolidada, o que ajuda a reduzir as taxas de desemprego.
Além disso, o Norte e o Centro-Oeste do Brasil, embora com características econômicas diversas, não apresentaram grandes variações no desemprego, mantendo taxas estáveis em relação aos trimestres anteriores. A estabilidade nessas regiões pode ser atribuída à diversificação das atividades econômicas, que incluem desde o agronegócio até a exploração de recursos naturais e a expansão de algumas atividades industriais.
Informalidade e carteira assinada
Embora a taxa de desemprego tenha subido em algumas regiões, o número de pessoas com carteira de trabalho assinada no Brasil tem mostrado uma tendência de estabilidade. Em março de 2025, o Brasil contou com 39,4 milhões de trabalhadores com vínculo formal, um número que se manteve relativamente constante em comparação com o trimestre anterior.
Outro dado relevante é o índice de informalidade no mercado de trabalho, que se manteve em 38%. Esse índice é considerado um dos mais baixos desde o terceiro trimestre de 2020 e mostra que o país tem avançado na formalização do emprego, embora ainda haja um grande número de pessoas trabalhando sem garantias legais e sem os benefícios da formalização.
Análise e perspectivas para o futuro
A coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, destacou que o aumento no desemprego observado no primeiro trimestre de 2025 é típico de períodos iniciais do ano, quando há um aumento na busca por vagas de trabalho após o fim do ciclo de contratações temporárias de final de ano. Ela explicou que, no começo do ano, muitas empresas reavaliam suas necessidades de pessoal, o que pode resultar em um aumento momentâneo no desemprego.
A recuperação do mercado de trabalho brasileiro, portanto, é uma questão gradual. Embora o aumento do desemprego seja um indicador de que o país ainda enfrenta desafios estruturais, os dados também mostram que há uma recuperação nos postos de trabalho formais e que o país continua apresentando um nível de desocupação inferior ao registrado em períodos de recessão mais profunda.
Para os próximos trimestres, a expectativa é que o Brasil continue a buscar alternativas para fortalecer o mercado de trabalho e reduzir as disparidades regionais. O crescimento da economia, aliado a políticas públicas eficazes de incentivo ao emprego e à formalização, será crucial para garantir que o Brasil consiga alcançar uma recuperação econômica mais equilibrada e sustentada.
Em resumo, o Brasil ainda enfrenta desafios em algumas regiões, mas os sinais de recuperação, como a estabilização do número de trabalhadores com carteira assinada e a queda da informalidade, indicam que o caminho para a superação do desemprego é possível, desde que medidas econômicas estratégicas sejam adotadas para promover o crescimento e a criação de novos postos de trabalho.