Banco do Brasil sofre com calotes no agronegócio e ações despencam
O Banco do Brasil divulgou seu balanço do primeiro trimestre de 2025, registrando um lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões, o que representa uma queda de 20,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, que projetava um lucro próximo de R$ 9 bilhões. Como consequência, as ações do banco caíram mais de 12% no pregão, liderando as perdas do índice Ibovespa.
Um dos principais fatores que impactaram negativamente o desempenho foi o aumento da inadimplência no setor agrícola, segmento em que o Banco do Brasil tem forte presença. O índice de inadimplência acima de 90 dias atingiu 3,9%, um aumento de 1 ponto percentual comparado ao ano anterior. Mais especificamente, a inadimplência na carteira agrícola subiu para 3,04%, contra 1,19% no período anterior.
A presidente do Banco do Brasil explicou que a combinação desse aumento na inadimplência e a implementação de novas regras contábeis, que exigem uma metodologia mais conservadora para provisões contra perdas, foram as principais causas para o lucro abaixo do esperado.
A nova resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou a forma como os bancos calculam as provisões para perdas esperadas, levando em consideração estimativas futuras de calotes. Essa mudança impactou as receitas de juros do banco em cerca de R$ 1 bilhão, agravando os resultados.
Diante desse cenário, a instituição optou por suspender suas projeções financeiras para o ano, aguardando uma análise mais detalhada dos impactos da inadimplência no agronegócio e das novas normas contábeis. O banco também está em diálogo com o Banco Central para buscar um tratamento especial para a carteira agrícola, dado o caráter específico do setor.
Apesar dos desafios, o Banco do Brasil mantém planos de expansão, com o objetivo de dobrar a carteira do Crédito do Trabalhador até agosto de 2025. Contudo, o atual contexto requer cautela e acompanhamento constante, principalmente em relação à inadimplência no agronegócio, que permanece como uma das maiores preocupações da instituição.
O mercado está atento às próximas medidas do Banco do Brasil para tentar conter os impactos da inadimplência e recuperar a confiança dos investidores.