Politica

Josias: Fala de Barroso nos EUA sobre golpe não ajuda imagem do STF

A declaração recente do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, durante um evento nos Estados Unidos, voltou a acender debates sobre a postura dos ministros da Corte em temas políticos sensíveis. Para o comentarista político Josias de Souza, a fala de Barroso, ao mencionar a derrota de uma tentativa de golpe, pode ter sido mal interpretada e acabou contribuindo para desgastar ainda mais a imagem institucional do STF.

Durante sua participação em uma conferência acadêmica, Barroso afirmou que o Supremo “derrotou o bolsonarismo golpista”, numa referência aos atos antidemocráticos e aos ataques às instituições brasileiras ocorridos após as eleições. Ainda que o ministro tenha depois esclarecido que a frase se referia à resistência institucional diante de pressões e ameaças, a repercussão foi imediata e dividiu opiniões.

Segundo Josias, o problema não está necessariamente no conteúdo da fala, mas no contexto e no tom. Ao usar um palco internacional para tratar de temas internos tão delicados, Barroso pode ter passado a impressão de que o STF atua com viés político, o que compromete a neutralidade que se espera de uma Corte Suprema. Além disso, ao mencionar de forma direta um segmento político — o “bolsonarismo” —, a fala pode ser interpretada como um posicionamento pessoal em meio a um cenário já polarizado.

Para analistas, falas como essa, vindas de membros do Judiciário, tendem a acirrar tensões entre os Poderes e alimentar críticas de que o Supremo ultrapassa os limites de sua função constitucional. Ao mesmo tempo, há quem defenda que os ministros não podem se omitir diante de ameaças institucionais e devem ter liberdade para se manifestar, especialmente em momentos de crise democrática.

O episódio reacende a discussão sobre o papel do STF e o equilíbrio entre sua atuação jurídica e a projeção pública de seus membros. A percepção pública da imparcialidade da Corte é essencial para sua legitimidade, e cada palavra dita por seus representantes carrega grande peso político e simbólico.

Barroso, que assumiu recentemente a presidência do STF, tem pela frente o desafio de conduzir a instituição em um cenário de forte polarização e de crescente desconfiança em relação às instituições. A fala nos EUA, embora tenha sido esclarecida, mostra que qualquer deslize retórico pode ser usado para questionar a postura da Corte e alimentar narrativas que fragilizam o ambiente democrático.

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