Planalto teme que escândalo do INSS prejudique imagem de Lula e seu esforço por popularidade
O governo Lula enfrenta um dilema delicado com o crescente escândalo envolvendo fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O Palácio do Planalto teme que o caso, que já causou prejuízos bilionários aos cofres públicos e afetou milhares de aposentados e pensionistas, possa comprometer o esforço do presidente em conquistar a popularidade junto à população, um dos pilares de sua gestão.
O escândalo envolve uma série de fraudes que teriam ocorrido no sistema de benefícios do INSS, com um montante estimado em R$ 6,3 bilhões, relacionados a descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. A magnitude do crime deixou o governo em uma posição desconfortável, já que o impacto na imagem de Lula pode ser duradouro, especialmente em um momento em que ele tenta estabilizar sua popularidade após os desafios do início do mandato.
O Planalto teme que a situação se agrave ainda mais com a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) proposta pela oposição, que já obteve apoio de parte da base governista para investigar as fraudes. O governo, por sua vez, preferiria que o tema fosse tratado como uma questão técnica, sendo resolvido sem a necessidade de politização, que poderia ser explorada pela oposição como um ponto fraco de sua administração.
Embora a base governista tenha sido parcial na assinatura do pedido para a CPMI, o governo vê a criação da comissão como um risco de desestabilização, uma vez que a investigação pode abrir novas frentes de críticas, além de expor falhas no sistema de controle do INSS. A situação, que envolveu tanto falhas administrativas quanto ações criminosas, coloca o governo em uma posição difícil diante da opinião pública, que pode associar o escândalo à gestão do presidente Lula, especialmente em um momento de incertezas econômicas e de desafios fiscais.
O presidente Lula, por sua parte, tem procurado distanciar seu governo de qualquer envolvimento direto com o caso. Em recente declaração, ele enfatizou que o foco do governo está em apurar as responsabilidades e corrigir as falhas no sistema, mas sem pressa, reforçando que a responsabilidade pelo escândalo recai principalmente sobre a administração anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, essa postura pode não ser suficiente para afastar as críticas, e a oposição já está explorando o tema como um ponto de ataque.
A preocupação do Planalto também reflete a possibilidade de o caso ser utilizado pela oposição como um ponto de pressão, principalmente em um cenário eleitoral que se aproxima. A CPMI poderia dar visibilidade ao tema, tornando-o uma bandeira política, e a associação do governo Lula com a falha no INSS poderia prejudicar sua imagem junto ao eleitorado, já que questões como aposentadoria e pensões são altamente sensíveis para uma grande parcela da população.
O governo, portanto, se vê em uma encruzilhada, tendo que lidar com o peso do escândalo enquanto tenta manter o foco nas reformas e programas populares que prometem aumentar a sua aprovação. O impacto do caso do INSS na popularidade do presidente será, sem dúvida, um fator decisivo nos próximos meses, já que ele buscará equilibrar a solução para o problema com sua agenda política.