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Método Wolbachia: uma nova abordagem no combate à dengue e outras arboviroses

Brasil lidera casos de dengue e busca soluções inovadoras

Em 2024, o Brasil foi apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o país com o maior número de casos de dengue no mundo. O mosquito Aedes aegypti, além de transmitir essa doença, também é responsável pela disseminação de zika e chikungunya. Diante desse cenário preocupante, uma estratégia promissora tem se destacado: o método Wolbachia.

Origem e funcionamento da tecnologia

Criada por pesquisadores da Universidade de Monash, na Austrália, em 2008, a técnica consiste em utilizar uma bactéria chamada Wolbachia para interferir na capacidade do mosquito de transmitir vírus. Essa bactéria já está presente naturalmente em cerca de 50 a 60% dos insetos, mas não ocorre no Aedes aegypti de forma espontânea.

O método envolve a introdução da Wolbachia no organismo do mosquito. Uma vez presente, a bactéria ocupa as mesmas áreas onde os vírus da dengue, zika e chikungunya se replicam, dificultando seu desenvolvimento e, assim, reduzindo a carga viral transmitida durante a picada. A Wolbachia não representa risco para humanos nem para outros animais, pois não pode ser transmitida entre espécies diferentes.

Uma estratégia autossustentável

Ao contrário dos métodos tradicionais, como o uso de inseticidas e campanhas para eliminar criadouros, a proposta com Wolbachia é considerada autossustentável. Mosquitos infectados são liberados no meio ambiente para cruzarem com os da população local. Com o tempo, forma-se uma nova geração de Aedes aegypti que carrega a bactéria e, consequentemente, tem uma capacidade reduzida de transmissão dos vírus.

Resultados expressivos em testes no Brasil

A tecnologia chegou ao Brasil em 2012 para fins de estudo, sendo aplicada pela primeira vez em Niterói (RJ), em 2014. De acordo com dados do Ministério da Saúde, os resultados foram significativos: a cidade registrou uma queda de 69,4% nos casos de dengue, 56,3% nos de chikungunya e 37% nas ocorrências de zika após a adoção da estratégia.

Complementaridade com outras ações de saúde pública

Apesar dos resultados animadores, especialistas lembram que o método Wolbachia não deve ser a única medida de combate às arboviroses. A professora Maria Glória Teixeira, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), ressalta a importância do uso conjunto de vacinas, especialmente contra dengue e chikungunya, para ampliar a proteção da população.

Conclusão

O método Wolbachia surge como uma ferramenta inovadora e eficiente no controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Seus resultados já demonstram impacto positivo, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas. No entanto, seu sucesso a longo prazo depende da integração com outras estratégias de saúde pública, como campanhas de vacinação e ações de conscientização da população.

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