IPCA mostra perda de ritmo da inflação, mas analistas mantêm cautela sobre corte na Selic
O IPCA teve alta de 0,43% no mês de abril, abaixo do avanço de 0,56% registrado em março. No acumulado de 12 meses, a inflação atingiu 5,53%, uma leve alta frente aos 5,48% do mês anterior, e ainda distante da meta de 3% estipulada pelo Banco Central. Apesar da desaceleração pontual, o consenso entre especialistas é que o ritmo ainda não oferece segurança para um possível corte na taxa básica de juros.
Para Tsai Chi-yu, CEO da Stay, “o BC provavelmente será incentivado a manter os juros. Ainda que haja uma tendência de desaceleração, ela não é expressiva o bastante para justificar uma redução”.
Expectativas ancoradas na próxima reunião do Copom
A próxima decisão sobre a Selic será tomada em 18 de junho. Conforme dados dos contratos de opções negociados na B3, a maior parte do mercado — 56% — aposta na manutenção da taxa em 14,75% ao ano. Já 36,5% projetam um aumento de 25 pontos-base, enquanto apenas 5% veem chance de uma alta mais acentuada, de 50 pontos.
Braian Largura, sócio da VNT Investimentos, alerta que o cenário pode mudar caso a inflação persista. “A curva de juros futuros, que vinha recuando, pode ser reavaliada se a pressão inflacionária continuar e o BC for forçado a subir ainda mais os juros”, explica.
Cenário externo e câmbio ajudam, mas cautela permanece
Alguns fatores contribuem para melhorar a perspectiva inflacionária nos próximos meses, como a valorização do real frente ao dólar e a queda no preço de commodities globais. Esses elementos tendem a aliviar os custos de produção e, por consequência, o índice de preços ao consumidor.
Segundo José Cassiolato, sócio da RGW Investimentos, “esses movimentos de curto prazo ajudam a reduzir as expectativas inflacionárias para 2025”.
Além disso, Leonardo Costa, economista do ASA, acrescenta que o desempenho moderado da economia pode ser um aliado na convergência da inflação para a meta.
Conclusão
Embora os números do IPCA indiquem uma leve desaceleração da inflação, o cenário ainda é considerado frágil para uma mudança imediata na política monetária. A maior parte do mercado e dos analistas projeta estabilidade da Selic no curto prazo, diante da combinação entre inflação acima da meta e incertezas econômicas. O Banco Central, por ora, deve manter uma postura de vigilância, aguardando sinais mais consistentes de controle inflacionário antes de qualquer eventual flexibilização nos juros.