União Europeia propõe retaliação de 95 bilhões de euros contra tarifas impostas pelos EUA
A Comissão Europeia anunciou nesta quinta-feira (8) a proposta de contramedidas comerciais que podem atingir até 95 bilhões de euros em importações dos Estados Unidos. A medida é uma resposta à continuidade das tarifas impostas pelo governo norte-americano sob a presidência de Donald Trump, especialmente sobre automóveis e outros produtos europeus. Caso não haja acordo com Washington, a retaliação pode ser implementada a partir de julho.
Segundo o órgão executivo da União Europeia (UE), a lista de produtos potencialmente afetados inclui vinhos, peixes, aeronaves, veículos e autopeças, além de produtos químicos, equipamentos elétricos, bens de saúde e maquinário dos EUA.
Consulta interna e definição das medidas
A Comissão Europeia abriu uma consulta pública de um mês para que os países membros e representantes do setor privado opinem sobre a proposta. Após esse período, será tomada uma decisão final sobre a adoção das tarifas retaliatórias, que poderão atingir um volume menor do que o valor inicialmente proposto, a depender da evolução das negociações com os Estados Unidos.
O anúncio ocorre no mesmo dia em que se espera que Donald Trump formalize um acordo comercial com o Reino Unido, o que adiciona um novo elemento à complexa dinâmica de comércio internacional envolvendo as principais economias do Ocidente.
Tarifas em vigor e possível escalada
Atualmente, as exportações europeias enfrentam tarifas de até 25% sobre aço, alumínio e veículos enviados aos Estados Unidos. Além disso, há a aplicação de uma tarifa “recíproca” de 10% sobre uma ampla gama de outros produtos, com possibilidade de aumento para 20% após o fim de uma trégua tarifária que se encerra em 8 de julho.
A Comissão afirma que essas tarifas já afetam cerca de 70% do comércio de mercadorias da UE com os EUA, o equivalente a 380 bilhões de euros. Caso novas medidas norte-americanas entrem em vigor após investigações adicionais — que incluem setores como farmacêutico, semicondutores, minerais estratégicos e caminhões —, esse número pode saltar para até 97% das trocas comerciais.
Sinais de negociação seguem em paralelo
Apesar da ameaça de retaliação, Bruxelas reforça sua preferência por uma solução negociada. Representantes dos Estados Unidos também indicam disposição para o diálogo. O vice-presidente norte-americano, JD Vance, afirmou na quarta-feira que as conversas com a UE continuam, e que Washington está pressionando por uma redução nas tarifas e barreiras regulatórias aplicadas pelo bloco europeu.
Conclusão
A proposta da Comissão Europeia de impor contramedidas comerciais é uma tentativa clara de pressionar os Estados Unidos a rever suas políticas tarifárias sobre produtos europeus. Embora a União Europeia reforce seu desejo por uma saída negociada, a preparação para medidas retaliatórias demonstra que o bloco não está disposto a aceitar passivamente a continuidade de restrições comerciais que afetam bilhões em exportações. O desfecho das negociações nas próximas semanas será decisivo para definir o rumo das relações econômicas entre as duas potências.