Politica

Possibilidade de retorno à corrida presidencial em 2026 não está descartada por Ciro, que considera rever antiga decisão de se afastar

Mesmo tendo anteriormente descartado disputar novamente a presidência da República, o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes deixou aberta uma fresta para a reconsideração de sua escolha. Em declarações recentes, Ciro demonstrou que sua posição, antes tida como definitiva sobre não concorrer nas eleições de 2026, pode não estar tão firme quanto aparentava. O político cearense, conhecido por sua presença contundente nos debates eleitorais e suas propostas econômicas heterodoxas, parece agora inclinar-se à possibilidade de revisar a negativa que havia firmado sobre sua futura participação no pleito.

Durante os últimos ciclos eleitorais, Ciro consolidou-se como uma das principais vozes da chamada “terceira via”, frequentemente se colocando como alternativa tanto ao lulismo quanto ao bolsonarismo. Sua trajetória inclui candidaturas presidenciais em 1998, 2002, 2018 e 2022, todas marcadas por discursos duros, críticas à polarização e à condução da política econômica brasileira. Após os resultados das últimas eleições, ele anunciou com certa veemência que não voltaria a se candidatar, em parte por decepções com o processo político e também por alegado desgaste pessoal.

No entanto, nos bastidores da política nacional, o nome de Ciro nunca deixou de ser cogitado. Mesmo após seu afastamento formal da corrida, interlocutores próximos e militantes do seu partido continuaram a tratar da possibilidade de sua volta como viável. Há quem diga que sua ausência abriria um vazio difícil de preencher no campo do centro-esquerda nacional — especialmente no campo do trabalhismo, ideologia histórica da qual é um dos principais representantes contemporâneos.

Agora, ao admitir publicamente que pode reavaliar a decisão de não concorrer, Ciro reacende discussões importantes tanto dentro quanto fora de sua legenda. A ambiguidade pode ser estratégica, permitindo-lhe observar o cenário político com atenção redobrada e medir o espaço para seu retorno sem assumir compromissos prematuros. Com o ambiente político em constante mudança, aliados e adversários sabem que manter-se visível — ainda que sem compromisso explícito — pode ser decisivo para manter influência.

Especialistas veem na possibilidade de recuo um reflexo do atual vácuo de lideranças no centro político. Ciro, com sua bagagem administrativa, histórico eleitoral expressivo e discurso técnico, continua a ser visto como figura de peso para reequilibrar o jogo, especialmente se o país caminhar para mais um embate polarizado. A depender dos próximos movimentos das lideranças tradicionais e do surgimento (ou não) de novos nomes, seu retorno pode se tornar mais que uma hipótese — e virar realidade.

Por ora, tudo permanece no campo das possibilidades. Mas, ao admitir que poderá reavaliar sua decisão de não concorrer, Ciro Gomes insere uma nova variável no xadrez eleitoral de 2026. Uma eventual volta à disputa pode mexer nas alianças partidárias, nas estratégias dos concorrentes e na forma como o eleitorado enxergará o próximo ciclo de escolhas presidenciais. A política, afinal, é feita de movimentos — e Ciro dá sinais de que o seu ainda pode estar por vir.

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