Economia

Juro sobe para 14,75% ao ano, o maior desde 2006; nova alta fica em aberto

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (8) uma nova elevação da taxa Selic, que passou de 13,75% para 14,75% ao ano, alcançando o maior patamar desde outubro de 2006. A decisão foi unânime e segue a trajetória de aperto monetário iniciada para conter a inflação persistente.

Com a nova alta, o Brasil se consolida como um dos países com os juros reais mais elevados do mundo, o que pode afetar diretamente o consumo, os investimentos e o crédito. Segundo o comunicado do Copom, a decisão reflete a preocupação com o cenário inflacionário, que segue pressionado por fatores internos, como preços administrados, e externos, como a guerra na Ucrânia e a alta global de alimentos e combustíveis.

Apesar da sinalização dura, o BC manteve em aberto o caminho para novas altas. “O comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, dependendo da evolução das expectativas e dos dados econômicos”, diz trecho da nota.

O mercado financeiro já vinha precificando uma nova alta, mas se divide sobre os próximos passos do BC. Alguns analistas acreditam que o ciclo pode estar perto do fim, enquanto outros veem espaço para pelo menos mais um aumento, especialmente se a inflação seguir acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Impactos esperados

Para os consumidores, a alta da Selic deve encarecer ainda mais o crédito, afetando desde o financiamento imobiliário até o rotativo do cartão de crédito. Para as empresas, o custo de capital sobe, o que pode frear novos investimentos.

Já no câmbio, a decisão pode ter efeito estabilizador no curto prazo, ajudando a manter o real mais forte diante do dólar, uma vez que juros mais altos tendem a atrair investidores estrangeiros interessados em ganhos com a renda fixa.

Olho na inflação

A inflação acumulada em 12 meses continua acima de dois dígitos, e o Banco Central vem enfrentando críticas por um suposto atraso no início do ciclo de alta. A autoridade monetária, porém, insiste que está agindo com responsabilidade e dentro do seu mandato de assegurar a estabilidade dos preços.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *