Embraer mantém projeções para 2025 e avalia que tarifas terão “impacto limitado”
A Embraer confirmou nesta terça-feira (6) que suas metas para 2025 seguem inalteradas, mesmo diante das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos. A empresa, terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, avaliou que os efeitos dessas sobretaxas têm sido, até agora, limitados. Ainda assim, o presidente-executivo, Francisco Gomes Neto, defendeu a retomada da política de tarifa zero para o setor aéreo, apontando para os riscos que a atual conjuntura pode trazer a um setor que é, segundo ele, “altamente globalizado”.
Entregas e ajustes operacionais
A fabricante brasileira reiterou que projeta entregar entre 77 e 85 jatos comerciais e de 145 a 155 aeronaves executivas ao longo de 2025. Para mitigar os efeitos da elevação tarifária promovida pelo governo do presidente Donald Trump, a empresa tem contado com o uso de componentes dos próprios Estados Unidos. Além disso, mudanças operacionais foram adotadas para reduzir a exposição de modelos como o Phenom e o Praetor à disputa comercial, especialmente no segmento de jatos executivos. Já a divisão de aviação comercial não sofreu impacto relevante no primeiro trimestre.
A expectativa inicial da Embraer é que as tarifas afetem suas margens operacionais em até 90 pontos-base este ano. Em resposta, a companhia está adotando medidas adicionais de corte de custos, com o objetivo de compensar esse efeito e preservar seus resultados.
Receita cresce, mas lucro decepciona o mercado
Apesar de ser tradicionalmente um período mais fraco para o setor, o primeiro trimestre de 2025 trouxe avanços importantes para a Embraer. A receita líquida somou US$ 1,1 bilhão, crescimento de 23% em relação ao mesmo período do ano anterior — o melhor desempenho para um primeiro trimestre desde 2016. O Ebitda mais do que dobrou, chegando a US$ 108,6 milhões, e a margem operacional avançou de 5,2% para 9,8%.
No entanto, o resultado final ficou aquém das expectativas. A empresa reportou prejuízo ajustado de US$ 0,40 por ação, frustrando os analistas consultados pela Lseg, que projetavam um lucro de US$ 0,01 por ação. Ainda assim, o desempenho operacional foi bem recebido por parte do mercado, com analistas do Citi destacando a solidez dos números principais.
Reação do mercado
Apesar da surpresa negativa no lucro por ação, as ações da Embraer — que mais que dobraram de valor em 2024 — tiveram leve recuo de 0,3% nesta terça-feira, enquanto o Ibovespa operava em alta de 0,2% no mesmo período. O movimento sugere que os investidores mantêm confiança na capacidade de execução da companhia, mesmo diante de um cenário internacional mais desafiador.
Conclusão
A Embraer demonstrou resiliência ao confirmar suas projeções para 2025 e manter uma performance operacional sólida no primeiro trimestre, mesmo diante de tarifas externas e incertezas geopolíticas. A adoção de ajustes internos e a defesa por um ambiente tarifário mais favorável reforçam a postura da empresa frente a um setor cada vez mais influenciado por decisões políticas globais. Ainda que o resultado final tenha decepcionado parte do mercado, os fundamentos da companhia seguem robustos, sustentando a perspectiva de estabilidade para os próximos trimestres.