Fraude no INSS: aliados reconhecem possibilidade de saída de Lupi do ministério
Em meio à repercussão das fraudes envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, avalia a possibilidade de deixar o cargo. A informação, confirmada por aliados próximos sob condição de anonimato, surge num momento de isolamento político e desgaste dentro do próprio governo.
Nomeação de novo presidente do INSS foi ponto de ruptura
A escolha de Gilberto Waller Júnior, procurador federal da Advocacia-Geral da União, como novo presidente do INSS, foi feita sem o aval de Lupi ou do PDT, seu partido. A nomeação teria intensificado o clima de insatisfação e reforçado a percepção de que Lupi perdeu espaço nas decisões da pasta. Um encontro entre o ministro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está previsto para esta sexta-feira (2), embora não conste da agenda oficial.
Defesa pública e balanço de ações
Na última terça-feira (29), Lupi passou cerca de cinco horas na Câmara dos Deputados, onde se defendeu das acusações relacionadas ao esquema de fraudes no INSS. O ministro apresentou um panorama das ações tomadas para combater irregularidades em benefícios previdenciários e afirmou que 268 investigações foram abertas nos últimos dois anos. Ele também mencionou ter solicitado, ainda em 2023, a apuração interna de denúncias, mas apontou demora na entrega dos resultados como um dos entraves enfrentados.
Crise remete a escândalo de 2011
A situação atual relembra o episódio de 2011, quando Lupi também deixou um ministério após ser envolvido em denúncias de desvio de recursos e cobrança de propinas em convênios com ONGs. Na ocasião, mesmo resistindo às pressões, acabou se antecipando à decisão da então presidente Dilma Rousseff e pediu demissão.
PDT sinaliza saída do governo
Dentro do PDT, a leitura é clara: se Lupi deixar a pasta, o partido não continuará na base do governo. A posição foi reforçada por dirigentes da legenda, que enxergam na condução da crise uma falta de reciprocidade política por parte do Palácio do Planalto. “Se demitir o nosso presidente Lupi, nós queremos também sair desse compartimento político”, afirmou o deputado federal Mário Heringer.
Conclusão
A permanência de Carlos Lupi no Ministério da Previdência está cada vez mais frágil. Com um histórico político marcado por crises e um partido disposto a deixar a base governista, o ministro enfrenta agora pressões internas e externas que podem levá-lo a antecipar sua saída. Enquanto o governo busca conter o impacto do escândalo no INSS, Lupi parece pesar os custos de continuar à frente da pasta.