Economia portuguesa apresenta retração de 0,5% no primeiro trimestre em relação ao período anterior
O desempenho econômico de Portugal no início do ano registrou sinal negativo, com o Produto Interno Bruto (PIB) apresentando uma contração de 0,5% no primeiro trimestre em comparação com os últimos três meses do ano anterior. A retração, embora moderada, reflete um início de ano desafiador para a economia portuguesa, que vinha mostrando sinais de recuperação ao longo de 2023.
A queda de 0,5% interrompe a sequência de variações positivas observadas em trimestres anteriores e aponta para um contexto de desaceleração nas principais atividades econômicas do país. Diversos setores enfrentaram um ambiente mais adverso, influenciado por fatores internos e externos, como a desaceleração do consumo privado, a redução no investimento produtivo e a influência de condições econômicas menos favoráveis no contexto europeu mais amplo.
A economia portuguesa, fortemente integrada ao mercado europeu, sente os reflexos de uma conjuntura marcada por inflação persistente, política monetária restritiva e incertezas em torno do comércio internacional. Essas condições afetam diretamente os gastos das famílias, os custos operacionais das empresas e a confiança geral de consumidores e investidores.
No cenário doméstico, a contração trimestral do PIB pode ter sido influenciada pela desaceleração em setores como construção civil, indústria transformadora e comércio. Além disso, o arrefecimento da atividade turística — importante pilar da economia portuguesa — em comparação com períodos anteriores pode ter contribuído para o resultado negativo, mesmo que em menor escala.
Por outro lado, embora o desempenho no início de 2025 tenha sido inferior ao esperado, o resultado não representa necessariamente uma recessão técnica, que só se configura com dois trimestres consecutivos de retração. No entanto, o recuo de 0,5% reforça os sinais de que a economia enfrenta obstáculos à continuidade do crescimento sustentado observado nos últimos anos.
As estatísticas referentes ao primeiro trimestre também podem refletir os efeitos defasados das decisões de política monetária do Banco Central Europeu, cujos aumentos de juros impactaram diretamente o crédito e o consumo em países do bloco. Em Portugal, onde o endividamento das famílias ainda é elevado, a alta dos juros tem efeitos significativos sobre a capacidade de gasto do consumidor médio.
O comportamento do PIB nesse início de ano deve motivar uma revisão nas projeções de crescimento para 2025. Instituições financeiras e organismos internacionais podem ajustar suas expectativas, levando em conta a nova realidade do desempenho interno português e as tendências da economia da União Europeia como um todo.
Apesar do recuo registrado no primeiro trimestre, a economia portuguesa continua apoiada por fundamentos sólidos em algumas áreas, como o setor exportador, a estabilidade no mercado de trabalho e o contínuo interesse de investidores estrangeiros em setores como tecnologia, energia renovável e turismo de longo prazo. Esses fatores poderão funcionar como amortecedores diante de um cenário de crescimento mais lento.
A evolução do PIB nos próximos trimestres será acompanhada de perto por autoridades econômicas, empresas e investidores. A prioridade deverá ser a adoção de medidas que ajudem a restaurar a confiança e estimular os motores internos da atividade econômica, em paralelo à observação cuidadosa das dinâmicas globais que afetam diretamente economias abertas como a de Portugal.