Economia dos EUA recua no primeiro trimestre sob impacto das tarifas impostas por Trump
A atividade econômica dos Estados Unidos sofreu uma contração no primeiro trimestre deste ano, refletindo os efeitos da política tarifária implementada pelo presidente Donald Trump e a incerteza no cenário comercial global. Dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Departamento de Comércio indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do país recuou a uma taxa anualizada de 0,3% entre janeiro e março.
Queda surpreende mercado e reflete impacto das importações
A contração do PIB contrariou as projeções do mercado. Analistas consultados pela Reuters esperavam uma expansão de 0,3% no período. A surpresa negativa veio após o déficit comercial de bens atingir um recorde em março, impulsionado por uma disparada nas importações. Muitas empresas americanas, temendo novos aumentos de tarifas, anteciparam compras de insumos e produtos, o que acabou pesando sobre o resultado final do trimestre.
No quarto trimestre de 2024, a economia havia avançado 2,4%, o que acentua a percepção de desaceleração. Ainda assim, alguns economistas consideram que o dado pode superestimar a fraqueza da economia, já que os gastos dos consumidores, embora em ritmo mais lento, continuaram a crescer.
Sentimento negativo domina ambiente de negócios e consumidores
A divulgação do resultado econômico ocorre próximo à marca dos 100 dias do novo mandato de Donald Trump. Nesse período, aumentou a insatisfação popular com a condução da economia. Indicadores de confiança recuaram: o otimismo dos consumidores está no nível mais baixo em cinco anos, enquanto o sentimento do setor empresarial também sofreu forte deterioração.
Empresas de aviação, por exemplo, já retiraram previsões financeiras para 2025, citando a incerteza sobre o comportamento dos consumidores diante do encarecimento de viagens e bens devido às tarifas. A imposição de tributos sobre itens importados tem pressionado os custos de produção e consumo, com efeitos diretos sobre a inflação.
Tarifa com China permanece e inflação pressiona
Mesmo com a tentativa recente de Trump de amenizar os efeitos das tarifas sobre a indústria automobilística — por meio de um decreto que oferece créditos e isenções pontuais —, a política tarifária segue agressiva. A tarifa de 145% sobre produtos chineses continua em vigor, contribuindo para o prolongamento da disputa comercial com Pequim.
O aumento da inflação no último trimestre acendeu alertas entre economistas, que agora preveem que o Federal Reserve poderá retomar cortes na taxa de juros ainda neste ano para conter os impactos do encarecimento generalizado.
Conclusão
O recuo do PIB dos Estados Unidos no primeiro trimestre expõe as consequências das decisões comerciais do governo Trump e o ambiente de incerteza que afeta empresas e consumidores. Apesar de o consumo interno ainda mostrar algum fôlego, a combinação de tarifas elevadas, inflação crescente e perda de confiança pode comprometer a recuperação econômica. O cenário pressiona a administração norte-americana a rever suas políticas e reacende discussões sobre o custo real de medidas protecionistas para a maior economia do mundo.