“Branca, bonita e rica”: vereadora solicita intervenção da corregedoria contra colega
A vereadora Luana Alves (PSOL-SP) anunciou que vai acionar a Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo contra a declaração da vereadora Cris Monteiro (Novo-SP), que afirmou que uma mulher “branca, bonita e rica” incomoda. A fala de Monteiro foi proferida durante uma sessão da Câmara que discutia o reajuste anual dos servidores municipais.
A declaração que gerou polêmica
A declaração de Cris Monteiro foi feita em resposta aos manifestantes presentes na sessão, e antes disso, a parlamentar pediu que Luana Alves se calasse: “Por favor, Luana, calada, calada”, afirmou Monteiro, conforme registrado pela transmissão oficial da Câmara. Em seguida, a vereadora do Novo fez a polêmica declaração, mencionando que a presença de uma mulher “branca, bonita e rica” causava incômodo.
Luana Alves, que é uma mulher negra, classificou a fala como racista e um ataque direto à sua pessoa, além de uma grave violação do decoro parlamentar. Ela destacou que o comentário de Monteiro reflete uma estrutura de poder racializada que perpetua estereótipos discriminatórios, minando a legitimidade da voz das mulheres negras na política.
Representação à Corregedoria
Em sua representação à Corregedoria, Luana Alves enfatizou que a afirmação de Monteiro, ao destacar características como “branquitude, beleza e riqueza”, contribui para reforçar hierarquias raciais e uma estrutura de poder desigual no espaço público. Para Luana, isso representa não apenas uma agressão, mas também um retrocesso nas conquistas de equidade e respeito.
A vereadora do PSOL pediu uma penalidade para a colega, que, de acordo com ela, pode até resultar na perda do mandato, caso a Corregedoria acate a gravidade da situação.
Retratação e alegações de Cris Monteiro
Após a repercussão do incidente, a vereadora Cris Monteiro subiu à tribuna e pediu desculpas às pessoas negras que possam ter se sentido ofendidas por sua fala. Ela explicou que se manteve calada durante a manifestação dos presentes, e ao ser provocada, reagiu com a declaração controversa. Monteiro afirmou ainda que representa uma parte significativa da população e que, em nenhum momento, teve a intenção de ofender alguém.
A assessoria de Cris Monteiro emitiu uma nota lamentando a repercussão de sua fala e reforçando que a parlamentar tem pautado sua atuação pela ética e respeito a todos. O comunicado também destacou seu compromisso com o diálogo e com a busca por soluções para os problemas da cidade.
Histórico de polêmicas
Esta não é a primeira vez que Cris Monteiro se vê envolvida em um episódio polêmico. Em agosto de 2023, a vereadora foi penalizada pela Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo após se envolver em uma briga física no banheiro do plenário com a ex-vereadora Janaína Lima (também do Novo). A situação gerou uma reprimenda formal, e a parlamentar teve que se retratar publicamente.
Além disso, a Câmara Municipal de São Paulo tem um histórico recente de enfrentamento de atos de racismo, com destaque para o vereador Camilo Cristófaro (Avante), que se tornou o primeiro parlamentar da história da Casa a ter o mandato cassado por racismo.
Conclusão
O episódio envolvendo as vereadoras Luana Alves e Cris Monteiro coloca em evidência a necessidade de se combater discursos que reforçam discriminação racial, especialmente em espaços políticos. A ação da vereadora Luana Alves, ao acionar a Corregedoria, é um reflexo da busca por respeito e reconhecimento das mulheres negras na política. O desfecho desse caso poderá ter implicações não apenas para Monteiro, mas para o debate sobre o racismo estrutural nas instituições públicas.