Escravizado tatuado com iniciais dos patrões é resgatado em MG
Um homem mantido em condições análogas à escravidão foi resgatado em uma fazenda no interior de Minas Gerais, em um caso que chocou até os agentes envolvidos. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a vítima tinha no corpo uma tatuagem com as iniciais dos patrões, marcada contra sua vontade como forma de “propriedade”.
Marca na pele e anos de abuso
A tatuagem com as letras correspondentes aos nomes dos empregadores foi encontrada no peito da vítima, que teria sido coagida a aceitar a marca. O trabalhador vivia em condições degradantes, sem acesso adequado à alimentação, água potável ou banheiro. Ele relatou que sofria ameaças constantes e vigilância intensa.
O resgate foi realizado após denúncia anônima, com apoio do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal. Os agentes encontraram mais trabalhadores em situação irregular, mas apenas um deles apresentava a marca que simbolizava um vínculo forçado com os patrões.
Investigação em andamento
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar os crimes, que podem incluir redução à condição análoga à de escravo, lesão corporal e constrangimento ilegal. Os empregadores não tiveram os nomes revelados até o momento, mas devem ser responsabilizados civil e criminalmente.
A tatuagem feita sem consentimento é tratada como agravante no caso, apontando uma tentativa de desumanizar a vítima e reforçar o controle sobre ela.
Acolhimento e assistência
O trabalhador resgatado foi encaminhado a uma rede de acolhimento, onde está recebendo apoio psicológico, cuidados médicos e auxílio financeiro emergencial. Ele também será incluído em programas de proteção e reintegração social.
Retrocesso inaceitável
Especialistas em direitos humanos classificaram o caso como extremamente grave e simbólico de um retrocesso inaceitável. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, casos de trabalho escravo contemporâneo ainda são comuns no Brasil, especialmente em zonas rurais isoladas.
“Marcar um ser humano como se fosse gado é inaceitável. Isso nos remete aos piores capítulos da história da humanidade”, afirmou uma auditora do trabalho envolvida na operação.