De Elba a Lamborghini: como automóveis afetaram carreira política de Collor
A trajetória política de Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito por voto direto após a ditadura militar, tem um elemento curioso e simbólico: os automóveis. De um Fiat Elba a uma Lamborghini, os carros foram protagonistas em momentos decisivos de sua ascensão e queda.
O Fiat Elba: o carro que virou símbolo do impeachment
Em 1992, o Fiat Elba se tornou símbolo da crise que derrubou Collor da Presidência. O veículo, de modelo popular, foi apontado como parte de um esquema de corrupção envolvendo o então tesoureiro de campanha, Paulo César Farias (PC Farias).
Apesar de seu valor modesto, o Elba foi citado no relatório da CPI do Congresso como um dos indícios de que Collor se beneficiava de dinheiro ilícito. A repercussão do caso foi devastadora: mesmo com o presidente negando envolvimento direto, a imagem pública ficou manchada.
O carro foi, para muitos, a representação tangível da quebra de confiança com o eleitorado — um detalhe que virou ícone de um escândalo maior.
Luxo sobre rodas: a Lamborghini e o estilo ostentação
Décadas depois, já afastado do centro do poder, Collor voltou aos holofotes com uma Lamborghini Aventador, avaliada em mais de R$ 3 milhões. O esportivo de luxo foi apreendido pela Polícia Federal durante a Operação Lava Jato, que investigava um suposto esquema de lavagem de dinheiro.
A imagem do ex-presidente com carros de altíssimo padrão contrastava com o discurso de moralidade que marcou sua campanha nos anos 1980, quando se apresentava como o “caçador de marajás”. A ostentação alimentou críticas e reforçou a percepção de distanciamento da realidade brasileira.
Paixão por carros: estilo de vida e controvérsia
Collor sempre cultivou uma paixão por automóveis. Ainda nos anos 1990, chegou a competir em corridas de rali e era conhecido por sua coleção de veículos esportivos. Ao longo dos anos, o gosto por carros velozes e caros passou a ser associado não apenas ao lazer, mas também a um estilo de vida incompatível com a imagem de servidor público.
Política, imagem e símbolos
A relação de Collor com automóveis revela como símbolos concretos podem moldar ou arruinar reputações políticas. O Fiat Elba virou peça-chave do impeachment. A Lamborghini, décadas depois, reacendeu o debate sobre ética, ostentação e desigualdade.
Seja pela simplicidade de um carro popular ou pela potência de um superesportivo italiano, os automóveis foram mais do que transporte na história de Collor: foram personagens centrais na narrativa de ascensão, queda e polêmicas de sua carreira.