China diminui importações de soja e carne suína dos Estados Unidos
A tensão comercial entre Estados Unidos e China já começa a mostrar efeitos concretos sobre a demanda internacional por produtos agrícolas americanos. Dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) revelam uma forte retração nas compras chinesas de soja e o cancelamento de pedidos de carne suína, gerando incertezas no mercado de commodities.
Na semana encerrada em 17 de abril, a China adquiriu apenas 1,8 mil toneladas de soja dos EUA — número significativamente inferior às 72,8 mil toneladas compradas na semana anterior. O país asiático também cancelou a compra de 12 mil toneladas de carne suína no mesmo período.
Guerra comercial agrava cenário de incertezas
Esses dados são os primeiros a refletirem uma semana inteira de negociações após o aumento nas tarifas americanas, determinado pelo presidente Donald Trump. As alíquotas sobre produtos chineses foram inicialmente elevadas para 84% e, posteriormente, para 145%, desencadeando uma resposta da China com tarifas de 125% sobre produtos dos EUA.
A repercussão no setor agrícola foi imediata. “Se os cancelamentos continuarem, a tendência é o mercado reagir com mais força”, avaliou Karl Setzer, da Consus Ag Consulting. Já para Jason Britt, da Central States Commodities, é necessário cautela: “Uma semana não representa uma tendência”, afirmou, destacando a possibilidade de fatores sazonais estarem influenciando o comportamento da China.
Risco para os preços e para a cadeia de produção
O maior receio do setor é o prolongamento das barreiras comerciais, o que pode pressionar os preços das commodities americanas. A China responde por cerca de 60% das exportações de soja dos EUA, e sua ausência tende a gerar impactos profundos. “É muito difícil substituir a demanda chinesa”, afirmou Scott Gerlt, economista-chefe da Associação Americana da Soja.
Segundo ele, a redução das exportações pode afetar toda a cadeia de suprimentos, desde produtores rurais até distribuidores e processadores.
Conclusão
Apesar da queda recente nas compras, analistas reforçam que ainda é cedo para cravar uma mudança estrutural no comportamento da China. A volatilidade em torno das decisões tarifárias do governo americano contribui para um ambiente de insegurança, no qual traders e produtores preferem adotar uma postura de espera. Enquanto isso, o setor agrícola dos EUA segue atento aos desdobramentos, em um cenário onde as decisões políticas têm peso direto sobre o campo e o comércio global.