Líder do governo propõe ampliar o debate dos juros altos no Brasil
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), propôs nesta semana uma ampliação do debate sobre os juros elevados praticados no Brasil. A sugestão ocorre em meio às crescentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de integrantes do governo à condução da política monetária pelo Banco Central, especialmente à taxa Selic, mantida em patamares considerados excessivamente altos pelo Planalto.
Randolfe defende que o tema seja debatido não apenas dentro do governo, mas também por economistas independentes, representantes do setor produtivo, acadêmicos e instituições da sociedade civil. Para ele, os juros altos prejudicam o crescimento econômico, aumentam o endividamento das famílias e travam investimentos, especialmente em áreas estratégicas como infraestrutura, indústria e inovação.
Banco Central na mira
O Banco Central, presidido por Roberto Campos Neto, tem mantido a taxa básica de juros em níveis elevados sob o argumento de controle da inflação e ancoragem das expectativas do mercado. Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano, mesmo diante de sinais de desaceleração da economia e queda no índice oficial de preços (IPCA).
A insistência do BC em manter os juros altos tem provocado uma disputa velada entre o governo e a autoridade monetária, que, desde 2021, possui autonomia formal. Lula e aliados já declararam publicamente que o atual patamar de juros é incompatível com o projeto de desenvolvimento defendido pelo Executivo.
Pressão por mudanças
A proposta de Randolfe se soma a uma série de iniciativas políticas para pressionar por uma mudança na orientação do Banco Central. Além de manifestações públicas, parlamentares articulam audiências públicas e seminários para discutir os impactos dos juros altos na economia real.
“Não se trata de interferir na autonomia do BC, mas de promover um debate democrático sobre os rumos da política monetária do país”, disse o senador. Segundo ele, o Brasil precisa encontrar um equilíbrio entre a estabilidade econômica e a retomada do crescimento com justiça social.
Mercado reage com cautela
O mercado financeiro acompanha o movimento com atenção. Investidores temem que pressões políticas sobre o Banco Central prejudiquem a credibilidade da instituição e afetem a previsibilidade das decisões econômicas. Por outro lado, setores da indústria, comércio e serviços apoiam o debate, argumentando que os juros altos impedem o acesso ao crédito e sufocam os negócios.
Com a proposta do líder do governo, o tema dos juros deve ganhar ainda mais espaço no Congresso nas próximas semanas, especialmente à medida que o debate sobre metas fiscais, crescimento e reforma tributária avança na agenda legislativa.