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Fraudes no INSS atingiram com facilidade aposentados, segundo avaliação de Lewandowski

A crescente revelação de irregularidades envolvendo benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) colocou os aposentados no centro de um escândalo que expôs vulnerabilidades no sistema previdenciário brasileiro. De acordo com análise do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, pessoas idosas e beneficiários de aposentadorias figuraram entre os principais alvos de esquemas fraudulentos que exploravam brechas no controle de dados da autarquia.

Segundo apuração das autoridades envolvidas, as fraudes eram executadas por redes organizadas que manipulavam cadastros, criavam documentos falsos, e se apropriavam de valores destinados a segurados reais ou fictícios. Esse tipo de crime, embora sofisticado, conseguiu se estabelecer justamente por encontrar na população aposentada um grupo com menos acesso a meios de verificação digital, o que facilitava a ação de golpistas.

Relatórios recentes apontam que milhares de aposentados tiveram seus dados utilizados de forma indevida, seja para alteração de informações bancárias, seja para reativação indevida de benefícios que já haviam sido encerrados. Em alguns casos, criminosos simulavam procurações ou falsificavam documentos para se passar por representantes legais dos beneficiários, sacando valores em nome deles.

O Ministério da Justiça, em parceria com o INSS e a Polícia Federal, está conduzindo uma ofensiva para mapear e desarticular essas estruturas criminosas. A complexidade dos golpes exige uma atuação conjunta com outros órgãos de controle, como a Receita Federal e o Tribunal de Contas da União (TCU), que também acompanham os desdobramentos.

Apesar da sofisticação dos esquemas, muitos dos golpes vinham sendo aplicados com relativa facilidade, o que evidencia fragilidades históricas no sistema de segurança do INSS. Essas falhas, agora escancaradas, acenderam o alerta dentro do governo sobre a necessidade urgente de modernização tecnológica e de reforço nos mecanismos de proteção aos dados dos segurados.

Além da dimensão financeira — com prejuízos bilionários já estimados —, o impacto emocional sobre os aposentados também preocupa. Muitos só descobriram que haviam sido vítimas ao tentar realizar transações e perceberem a ausência de recursos em contas vinculadas ao benefício. Outros foram surpreendidos por notificações de cobrança ou suspensão de pagamento por “irregularidades” que nunca cometeram.

Em meio à repercussão dos casos, autoridades reforçaram a importância de ações educativas junto à população idosa, com o objetivo de instruir aposentados sobre como proteger seus dados e identificar movimentações suspeitas em seus benefícios. A proposta inclui desde campanhas de orientação até mutirões presenciais de verificação de dados, sobretudo em regiões com acesso limitado à internet.

Para além da resposta emergencial, o governo planeja implementar uma revisão mais ampla nos critérios de segurança digital do INSS, incluindo biometria facial obrigatória para determinadas operações e cruzamento automatizado de dados em tempo real. Essas medidas fazem parte de uma agenda mais ampla de fortalecimento da integridade da Previdência Social.

Enquanto isso, no Congresso Nacional, parlamentares pressionam por audiências públicas e abertura de CPIs para investigar a fundo a estrutura dessas fraudes e responsabilizar possíveis omissões institucionais. Há ainda a proposta de criação de um canal exclusivo de denúncia voltado para aposentados, com atendimento especializado e investigação prioritária de casos envolvendo idosos.

A atuação das quadrilhas, que até então parecia marginal e isolada, demonstrou ter escala e sofisticação suficientes para justificar uma ampla reestruturação nos sistemas de controle e fiscalização da Previdência. A prioridade, segundo o governo, é proteger aqueles que dedicaram a vida ao trabalho e dependem do benefício para sobreviver — uma população que, como mostram os fatos, tornou-se alvo fácil de esquemas cada vez mais audaciosos.

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