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Lula afirma não ter lado entre Estados Unidos e China: “Meu interesse é fazer negócios, vender e comprar”

Durante declaração conjunta com o presidente do Chile, Gabriel Boric, nesta terça-feira (22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a posição do Brasil de não tomar partido entre Estados Unidos e China nas disputas geopolíticas. Segundo ele, o interesse nacional está centrado em manter boas relações comerciais com ambas as potências.

Relações comerciais sem alinhamento político

Lula afirmou que não vê necessidade de escolher entre Washington ou Pequim. “Eu não quero fazer opção entre Estados Unidos ou China. Eu quero ter relações com os Estados Unidos, quero ter relação com a China”, disse. Segundo o presidente, o foco é em oportunidades de exportação e importação, ressaltando que a preferência deve partir do setor privado. “Quem tem que ter preferência são os meus empresários que querem negociar.”

América Latina sem disputa de liderança

O presidente também rejeitou a ideia de competição por protagonismo na América Latina. Na visão de Lula, o Brasil já exerce influência suficiente na região e deve usá-la para promover desenvolvimento. “O Brasil, por si só, já é grande. O Brasil não precisa dessa disputa”, afirmou. Ele destacou que o importante é apoiar a atuação de lideranças competentes, independentemente de disputas internas.

Diversificação de parcerias e críticas às instituições globais

Lula destacou a importância de diversificar os parceiros comerciais como forma de romper com o histórico de dependência econômica. Para ele, manter uma rede ampla de relacionamentos internacionais é essencial para o crescimento do país. “Senão vamos continuar mais um século pobre”, alertou. O presidente também criticou o funcionamento das instituições multilaterais, dizendo que elas não foram criadas pensando nos países em desenvolvimento, mas sim nos colonizadores.

Convites para o Brics e Celac-China

Encerrando sua fala, Lula convidou o presidente chileno para participar da próxima cúpula do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Também sugeriu que Boric participe da Cúpula Celac-China, em Pequim, reforçando a importância da integração regional nas relações com o gigante asiático. Lula afirmou que seu assessor especial, Celso Amorim, poderá intermediar um encontro entre Boric e o presidente chinês, Xi Jinping.

Conclusão

A fala de Lula reforça uma estratégia de política externa voltada à pragmatismo comercial e multipolaridade. Ao evitar alinhar-se exclusivamente a uma potência global, o presidente aposta em parcerias diversas e em uma diplomacia centrada no desenvolvimento econômico e na autonomia regional. Sua postura aponta para um Brasil mais ativo no cenário internacional, mas sem abrir mão da soberania na definição de seus próprios interesses estratégicos.

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