Economia

Mercado em alerta: ameaças de Trump põem em xeque independência do Fed

As recentes declarações de Donald Trump, pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, voltaram a sacudir os mercados financeiros globais. Em entrevistas e comícios recentes, Trump sugeriu que, se eleito novamente, pretende exercer maior controle político sobre o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. A ameaça foi interpretada por analistas como um risco à independência da autoridade monetária, um dos pilares da credibilidade econômica do país.

Sinais de intervenção

Trump, que já fez duras críticas ao atual presidente do Fed, Jerome Powell, durante seu mandato entre 2017 e 2021, agora promete mudanças ainda mais radicais. Ele acusa o banco central de agir politicamente para favorecer o governo de Joe Biden e cogita substituir Powell antes do fim do mandato, o que levanta dúvidas sobre o respeito às regras institucionais que regem o sistema financeiro norte-americano.

“O Fed está totalmente fora de controle. Se eu voltar à Casa Branca, isso vai mudar”, afirmou Trump em um comício na Pensilvânia.

Reação dos mercados

Os mercados reagiram com volatilidade às falas do ex-presidente. O índice S&P 500 fechou em queda de 1,4%, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro americano subiram, refletindo uma alta na percepção de risco. O dólar também oscilou diante da incerteza sobre o futuro da política monetária dos EUA.

Especialistas temem que a ingerência política no Fed possa comprometer sua capacidade de combater a inflação e manter a estabilidade dos preços — uma missão que exige autonomia técnica e decisões baseadas em dados, não em agendas partidárias.

Alerta de economistas

Vozes respeitadas do mercado e da academia se manifestaram contra a possibilidade de enfraquecer o Fed. Para muitos, um banco central sujeito à pressão política pode perder a confiança dos investidores e colocar em xeque a posição dos EUA como referência de estabilidade econômica.

“Interferir na atuação do Fed seria um desastre. Isso abriria espaço para decisões inflacionárias e um colapso da credibilidade”, afirmou Paul Krugman, economista vencedor do Prêmio Nobel.

Impacto global

Como o Fed influencia diretamente a política monetária global, qualquer movimento de Trump nesse sentido pode gerar efeitos em cadeia em todo o mundo — desde mercados emergentes até o preço de commodities. Países como o Brasil, que têm grande exposição ao dólar e aos juros americanos, poderiam ser diretamente afetados por mudanças abruptas na condução da política econômica nos EUA.

Com as eleições presidenciais americanas se aproximando e Trump consolidando apoio entre a base republicana, o mercado financeiro segue atento e cada vez mais nervoso com o que pode estar por vir. A independência do Fed, um consenso técnico desde a década de 1980, agora corre o risco de se tornar um campo de batalha político.

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