O número de indígenas e quilombolas atendidos pelo Bolsa Família aumentou 30% nos últimos dois anos
O número de indígenas e quilombolas incluídos no programa Bolsa Família aumentou de forma significativa nos últimos dois anos. Dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) apontam que houve um crescimento de 30% entre janeiro de 2023 e os primeiros meses de 2025. Esse é o maior índice já registrado para esses grupos desde a criação do programa, em 2003.
Participação recorde no programa
Atualmente, 240.100 indígenas e 278.978 quilombolas estão cadastrados no Bolsa Família. Juntos, esses números representam um marco histórico no alcance do programa entre populações tradicionais.
Nordeste concentra maior número de beneficiários
Entre as regiões brasileiras, o Nordeste lidera em número de indígenas e quilombolas beneficiados. São cerca de 268 mil famílias recebendo o auxílio — a maior parte delas composta por descendentes de quilombos. O Maranhão ocupa o primeiro lugar no ranking estadual, com 78 mil famílias contempladas, seguido pela Bahia, com 68 mil.
Norte concentra maioria entre indígenas
Já entre os povos indígenas, o Norte se destaca com a maior quantidade de beneficiários: 116 mil. O estado do Amazonas responde sozinho por 71 mil desses atendimentos. Em contraste, a região Sul registra os menores índices: somando indígenas e quilombolas, são 19 mil famílias. Sudeste e Centro-Oeste vêm logo após, com 30 mil e 41 mil famílias atendidas, respectivamente.
Questionamentos sem resposta
Apesar do crescimento expressivo na participação desses grupos, ainda não há explicações oficiais sobre os fatores que levaram ao aumento nos últimos dois anos. Tampouco o governo se posicionou sobre as ações voltadas à autonomia financeira de indígenas e quilombolas, que poderiam permitir a saída gradual desses beneficiários do programa.
Como funciona o Bolsa Família
Em 2024, mais de 20,86 milhões de famílias receberam o Bolsa Família em todo o país, o que gerou um custo de R$ 168,3 bilhões para o governo federal. O principal critério para ter acesso ao benefício é estar registrado no Cadastro Único e possuir uma renda mensal per capita de até R$ 218.
O programa também conta com a chamada “Regra de Proteção”, que permite que famílias que ultrapassem temporariamente esse limite continuem recebendo o benefício — mesmo que em valor reduzido. Atualmente, esse período é de dois anos, mas há uma proposta em andamento para reduzir esse prazo pela metade, justamente por conta da instabilidade de empregos sazonais e temporários.
Autoridades defendem autonomia
O ministro Wellington Dias afirmou, em entrevista recente, que conseguir um emprego formal não deve automaticamente excluir alguém do programa. Segundo ele, o foco deve estar na superação da pobreza, não na punição de quem consegue trabalho.
O presidente Lula também reforçou essa visão ao afirmar que o país não pode se conformar com a dependência contínua do Bolsa Família, defendendo medidas que contribuam para que o Brasil deixe para trás a condição de pobreza extrema.
Conclusão
O aumento da presença de indígenas e quilombolas no Bolsa Família revela um avanço na inclusão social desses grupos, historicamente marginalizados. Ao mesmo tempo, acende o debate sobre a necessidade de políticas públicas voltadas à autonomia econômica e à saída sustentável dessas populações do programa. O desafio agora é garantir que o apoio financeiro temporário se transforme em oportunidade de emancipação.