Economia

BCE reduz juros e sinaliza aumento das incertezas diante de novas tarifas

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira (17) uma nova redução em sua taxa básica de juros, que passou de 2,5% para 2,25%. A medida, já amplamente antecipada pelo mercado, representa o sétimo corte em um intervalo de um ano e ocorre em um momento de crescente preocupação com os impactos das tarifas comerciais sobre a economia da zona do euro.

Incertezas comerciais afetam projeções

Em comunicado oficial, o BCE apontou que, apesar da resistência demonstrada pela economia da zona do euro frente a choques externos, o cenário atual se mostra mais desafiador. Segundo o banco, as tensões comerciais, especialmente ligadas às medidas anunciadas pelo ex-presidente americano Donald Trump, têm influenciado negativamente as projeções de crescimento.

De acordo com o BCE, o aumento da incerteza pode afetar diretamente a confiança de consumidores e empresários. Além disso, a reação instável dos mercados pode dificultar o acesso ao crédito, tornando as condições financeiras mais restritas em toda a região.

Impacto potencial das tarifas sobre a economia

O BCE não está sozinho em seu alerta. Instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Federal Reserve (Fed), além de seu presidente Jerome Powell, também expressaram preocupações semelhantes. A visão comum é que as tarifas podem ter efeitos amplos, afetando desde grandes empresas até consumidores.

A recente queda da inflação na zona do euro — que atingiu 2,2% em março, muito próxima da meta de 2% do BCE — é vista como um alívio temporário, mas as incertezas trazidas por uma possível escalada de barreiras comerciais seguem como ameaça ao desempenho econômico.

Previsões mais cautelosas para os próximos meses

O próprio BCE já havia indicado no mês passado que as tarifas anunciadas até agora contribuíram para um cenário de menor previsibilidade na política comercial. Como resultado, a instituição reviu para baixo suas expectativas de crescimento para este e o próximo ano.

Yael Selfin, economista-chefe da consultoria KPMG, comentou que o banco europeu pode realizar até três cortes adicionais de juros ainda em 2025. Ela destacou que interrupções nas cadeias comerciais podem resultar em excesso de produtos manufaturados no mercado global, o que abriria espaço para queda nos preços — e até risco de deflação.

Conclusão

A decisão do BCE de reduzir os juros ocorre em um contexto de fragilidade econômica e incertezas provocadas por tensões comerciais globais. Embora o corte na taxa básica busque estimular a atividade na zona do euro, o ambiente internacional turbulento, marcado por ameaças tarifárias, pode limitar os efeitos positivos da medida. Com projeções de crescimento mais contidas e riscos inflacionários moderados, o BCE se prepara para agir com cautela nos próximos meses.

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