“Todo o PSDB, em âmbito nacional, se posicionou contra o apoio à anistia”, afirma José Aníbal
A assinatura de cinco deputados do PSDB em apoio ao requerimento de urgência para o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro gerou forte reação dentro da legenda, especialmente entre figuras tradicionais do partido. O tema provocou embates acalorados em grupos de discussão internos e ocorre em um momento delicado para a sigla, que negocia a formação de uma federação com o Podemos.
Dos 13 deputados que compõem a bancada tucana na Câmara atualmente, cinco apoiaram a tramitação acelerada do projeto de anistia, sem a necessidade de passar por comissões. Os parlamentares que subscreveram o pedido são Beto Pereira (MS), Beto Richa (PR), Daniel Trzeciak (RS), Geovania de Sá (SC) e Lucas Redecker (RS). Esse grupo é visto como próximo da ala mais alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Pressão dos históricos do partido
A adesão ao requerimento mobilizou críticas contundentes de nomes influentes do PSDB, que destacaram a incongruência da medida com os princípios históricos da legenda. Entre os mais vocalizados, está o ex-senador José Aníbal, presidente do diretório paulistano do partido.
“O partido reagiu fortemente no Brasil inteiro. O PSDB tem história, e a anistia não tem nada a ver com ela”, afirmou Aníbal em entrevista. Nas redes sociais, ele evocou o legado de Ulysses Guimarães, defendendo a retirada das assinaturas dos deputados. “Democracia é um bem absoluto. Como disse Ulysses: ‘traidor da democracia é traidor da pátria’”, escreveu.
Divisões internas e debate sobre penas
Internamente, lideranças tucanas reconhecem que existe um ponto de convergência entre os dois grupos: a discussão sobre eventuais excessos nas penas aplicadas. No entanto, ponderam que isso não deve ser confundido com apoio à impunidade ou à aprovação do projeto em sua forma atual.
Fontes da legenda indicam que, diante da pressão, ao menos um dos deputados teria sinalizado a intenção de retirar simbolicamente a assinatura, embora isso ainda não tenha se concretizado.
Conclusão
A movimentação de parte da bancada tucana em torno do projeto de anistia gerou uma fissura interna que expõe as divergências sobre o futuro do partido e seus valores. Enquanto alguns defendem a revisão das penas aplicadas aos envolvidos nos atos antidemocráticos, outros reforçam que o PSDB não pode compactuar com iniciativas que enfraqueçam o Estado Democrático de Direito. O desfecho dessa crise pode influenciar não só a imagem pública da sigla, mas também suas alianças estratégicas nos próximos meses.