EUA registram recorde de compras de carne do Brasil às vésperas do aumento de tarifas
Os Estados Unidos registraram um volume recorde de importação de carne bovina do Brasil em março, às vésperas da implementação das novas tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump. No período, foram embarcadas 36,94 mil toneladas do produto brasileiro ao mercado norte-americano — um crescimento de 61% em relação ao mês anterior.
Melhor desempenho da história para março
Esse volume representa o maior já registrado para o mês de março, conforme apontado pela consultoria agrícola Agrifatto. A marca supera em cerca de 14 mil toneladas o total exportado em fevereiro, refletindo um movimento atípico de antecipação por parte dos importadores dos Estados Unidos.
Acumulado do ano mostra salto expressivo
No acumulado de 2025, os EUA já compraram aproximadamente 76,42 mil toneladas de carne bovina in natura do Brasil — uma alta de mais de 63% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A Agrifatto avalia que a aceleração nas compras pode estar diretamente ligada ao cenário de tensões comerciais e incertezas provocadas pela disputa entre Estados Unidos e China.
Estoque em tempos de instabilidade
Segundo o relatório da consultoria, o aumento nas aquisições americanas pode ser reflexo da estratégia de formação de estoques diante da possibilidade de encarecimento do produto, caso o novo pacote tarifário entre em vigor com todo seu impacto. A expectativa é de que esse comportamento impulsione também os números de abril.
China mantém liderança, mas EUA ganham destaque
Apesar de a China seguir como o principal destino das exportações de carne bovina brasileira, os Estados Unidos se sobressaíram no mês analisado. Os embarques para o mercado chinês cresceram de forma mais moderada, com um avanço de 3,67% em relação a fevereiro, totalizando quase 96 mil toneladas. O salto expressivo nas compras americanas, no entanto, foi o que mais contribuiu para o aumento geral das exportações brasileiras no período.
Conclusão
O cenário internacional, marcado por tensões comerciais e medidas protecionistas, tem influenciado diretamente o fluxo de exportações brasileiras. A corrida dos Estados Unidos para garantir o abastecimento antes da entrada em vigor das novas tarifas reforça a relevância do Brasil como fornecedor estratégico de proteína bovina e sinaliza um possível reposicionamento nas rotas comerciais globais diante da instabilidade entre as principais potências.