Cardozo afirma que todos os setores democráticos devem se posicionar contra o projeto de anistia
Durante participação no programa O Grande Debate, nesta segunda-feira (14), o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo manifestou forte oposição ao Projeto de Lei da Anistia. Em sua análise, ele defendeu que todos os setores comprometidos com a democracia devem se posicionar contra a proposta, que, segundo ele, abre espaço para a repetição de ataques à ordem institucional.
Risco de repetição dos ataques à democracia
Para Cardozo, anistiar os envolvidos na tentativa de golpe e nos atos contra o Estado Democrático de Direito representa uma ameaça à estabilidade institucional. “Uma democracia que não se dá ao respeito não será respeitada”, afirmou. Segundo ele, permitir a anistia nesse contexto seria sinalizar permissividade, o que poderia encorajar novas ações semelhantes no futuro.
“As provas são claras”, afirma o comentarista
O ex-ministro também argumentou que as evidências contra os envolvidos são sólidas. Embora reconheça que se possa debater ajustes em algumas penas ou eventuais excessos, Cardozo defendeu que o conjunto dos atos praticados não pode ser perdoado. “Não é possível falar em anistiar quem fez o que fez ao longo desse processo”, declarou.
Requerimento de urgência e apoio político
O Projeto de Lei da Anistia ganhou impulso após o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), apresentar requerimento de urgência. O pedido já conta com 262 assinaturas, sendo 146 de deputados ligados ao centrão, grupo que possui cargos no governo federal.
Cobrança ao governo e críticas ao modelo político
Cardozo também cobrou uma reação do governo federal frente ao apoio de parlamentares da base aliada à proposta. Ele defendeu que essa postura seja tratada como uma questão de princípio, e que o Executivo dialogue com seus aliados para cobrar coerência. “O governo deve chamar essas pessoas da sua base e indagar sobre o que está acontecendo”, afirmou.
O comentarista ainda criticou o chamado “presidencialismo de coalizão”, classificando-o como prejudicial ao país. Para ele, esse modelo limita a capacidade do governo de manter uma base estável e alinhada em pautas fundamentais.
Conclusão
José Eduardo Cardozo fez um apelo por uma resposta firme de todos os setores comprometidos com a democracia contra o avanço do Projeto de Lei da Anistia. Ao destacar os riscos de impunidade e desrespeito às instituições, o comentarista defendeu que o governo assuma uma posição clara e exija alinhamento de sua base em defesa do Estado de Direito.