Economia

Em diálogo virtual com autoridade chinesa, Alckmin reforça apoio à governança global do comércio

Em um gesto diplomático com forte significado para o cenário econômico internacional, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, participou de uma videochamada com um ministro do governo chinês, durante a qual ambos manifestaram apoio ao fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC). A conversa representa mais um movimento na tentativa de reforçar o multilateralismo e buscar um sistema de comércio global mais equilibrado e previsível.

O apoio conjunto de Brasil e China à OMC ocorre em um momento de crescentes tensões comerciais e geopolíticas, marcado por guerras tarifárias, subsídios unilaterais e disputas que desafiam os mecanismos tradicionais de regulação internacional. A OMC, criada justamente para servir como árbitro desses conflitos e promotor de regras estáveis, tem enfrentado críticas e pressões por reformas. Nesse contexto, declarações públicas em sua defesa ganham peso político.

A videochamada entre as autoridades de dois dos maiores países em desenvolvimento do mundo — o Brasil, maior economia da América do Sul, e a China, potência asiática e principal parceiro comercial brasileiro — evidencia o esforço de ambos em manter viva a institucionalidade global do comércio. O gesto é especialmente significativo por ocorrer em um formato informal e direto, como a videochamada, mostrando que mesmo as agendas diplomáticas mais estratégicas podem se adaptar aos novos tempos tecnológicos.

O fortalecimento da OMC, defendido durante o diálogo, pode envolver múltiplas dimensões: maior representatividade dos países do Sul Global, modernização das regras comerciais para lidar com o comércio digital, e a retomada do sistema de solução de controvérsias, que está paralisado em parte por bloqueios políticos. A conversa entre Alckmin e o ministro chinês, portanto, se insere nesse cenário mais amplo de tentativa de renovação e reinserção da OMC no centro das decisões globais.

Embora a videochamada não tenha sido detalhada publicamente quanto a termos, propostas ou acordos práticos, a manifestação de apoio à OMC é, por si só, uma sinalização importante. Ela mostra que, para Brasil e China, ainda há valor no sistema multilateral de comércio como ferramenta de equilíbrio e justiça entre nações com diferentes níveis de desenvolvimento.

Essa sintonia entre Brasília e Pequim também reflete a profundidade das relações bilaterais. A China é o maior destino das exportações brasileiras e o Brasil, por sua vez, é visto como parceiro estratégico em diversas agendas: do agronegócio à transição energética, da infraestrutura ao comércio de alto valor agregado. O diálogo comercial entre os dois países frequentemente ultrapassa o aspecto econômico e ganha conotação geopolítica — e não foi diferente neste caso.

Alckmin, como vice-presidente e responsável por áreas estratégicas do governo Lula, tem atuado como figura de confiança para lidar com temas que exigem articulação com o setor privado e também com parceiros internacionais. Sua participação ativa em temas de comércio internacional reforça o papel que o Brasil pretende desempenhar como ator relevante na reforma das instituições globais.

A China, por sua vez, também tem interesse claro em preservar o funcionamento da OMC. Apesar de sua força econômica, o país enfrenta resistência em diversas frentes, especialmente com países do Ocidente, e vê nas instituições multilaterais uma forma de garantir previsibilidade e estabilidade para suas exportações e seus investimentos.

Assim, a videochamada entre Alckmin e o ministro chinês não se limita a uma troca de gestos diplomáticos. Ela se insere num contexto maior, no qual duas potências emergentes reafirmam seu compromisso com a ordem multilateral e indicam disposição para participar ativamente da construção de um comércio global mais inclusivo e menos sujeito a disputas bilaterais arbitrárias.

O fortalecimento da OMC pode parecer um tema técnico à primeira vista, mas tem impacto direto sobre empregos, cadeias produtivas, investimentos e até a segurança alimentar e energética em muitos países. Ao defenderem essa agenda juntos, Brasil e China sinalizam que desejam ter voz ativa na redefinição das regras do jogo.

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