O saldo das operações de crédito atingiu R$ 6,5 trilhões em fevereiro
O saldo das operações de crédito no Brasil alcançou R$ 6,5 trilhões em fevereiro de 2025, marcando uma expansão de 0,4% em relação ao mês anterior. O Banco Central (BC) divulgou nesta quarta-feira (9) o relatório das Estatísticas Monetárias e de Crédito, detalhando o desempenho do crédito no país e destacando importantes variações nos diversos segmentos.
Expansão no Crédito às Empresas e Famílias
O relatório do Banco Central revelou que o crescimento do crédito em fevereiro foi impulsionado principalmente pelo aumento de 0,5% nas operações de crédito para empresas e de 0,4% no crédito destinado às famílias. O estoque de crédito às empresas somou R$ 2,5 trilhões, enquanto o crédito às famílias atingiu R$ 4 trilhões.
Crédito Livre e Seu Desempenho
O crédito livre, que envolve recursos negociados diretamente com o mercado, se manteve estável, totalizando R$ 3,7 trilhões em fevereiro, o que representa um aumento de 11,3% nos últimos 12 meses.
- O crédito livre para as empresas chegou a R$ 1,5 trilhão, com uma alta de 0,1% no mês e 9,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. O Banco Central atribui esse crescimento principalmente ao aumento no capital de giro para as empresas, com destaque para operações com prazo inferior a 365 dias (+7,9%) e a antecipação de faturas de cartão (+1,8%).
- O crédito livre para as famílias, por sua vez, permaneceu estável no mês, alcançando R$ 2,2 trilhões, com crescimento de 12,4% em doze meses. O BC observou que o aumento foi contrabalançado pelas reduções em algumas carteiras, como as de cartão de crédito à vista (-2,2%) e crédito pessoal não consignado vinculado à composição de dívidas (-2,5%).
Crédito Direcionado: Aumento Constante
O saldo das operações de crédito direcionado, ou seja, aquele subsidiado por governos ou estatais, totalizou R$ 2,7 trilhões, representando altas de 0,9% no mês e de 12,5% no acumulado de 12 meses. O crédito direcionado às empresas cresceu 1,1% mensalmente, somando R$ 909,9 bilhões, enquanto o crédito às famílias registrou um total de R$ 1,8 trilhão, com crescimento de 0,9% no mês e de 12,6% em doze meses.
Juros e Spread Bancário
A taxa média de juros das concessões de crédito teve um aumento significativo em fevereiro, subindo 0,7 ponto percentual (p.p.) no mês e 2,6 p.p. no acumulado de 12 meses, atingindo 30,5% ao ano. Para as empresas, a taxa média de juros ficou em 21% ao ano, enquanto para as famílias o valor subiu para 35% ao ano.
Além disso, o spread bancário, indicador que mede a diferença entre as taxas de juros e o custo de captação, alcançou 19,4 p.p. em fevereiro. Este número representa um aumento de 1,1 p.p. no mês e de 0,1 p.p. em 12 meses.
Inadimplência Estável
A inadimplência, medida pelos atrasos superiores a 90 dias, foi de 3,3% do total da carteira de crédito em fevereiro, permanecendo estável nos últimos 12 meses, mas com um pequeno aumento de 0,1 p.p. em comparação com janeiro de 2025.
Conclusão
O relatório do Banco Central sobre as operações de crédito de fevereiro mostra uma expansão moderada nas operações com destaque para o crédito às empresas e às famílias. O crescimento contínuo no crédito direcionado e a estabilidade nas taxas de inadimplência indicam um cenário de relativa confiança, embora a alta nas taxas de juros e no spread bancário representem desafios para os consumidores e empresas.
O mercado de crédito brasileiro segue se adaptando a um cenário de taxas de juros mais altas e crescimento gradual, com um aumento nas operações direcionadas e uma leve expansão do crédito livre. A evolução da inadimplência também merece atenção, visto que, embora estável, apresenta uma leve tendência de aumento, o que pode afetar a saúde financeira do setor no futuro.